O laudo do exame de corpo de delito feito em um garoto de 13 anos que teve o braço amputado no Litoral do Piauí, comprovou que a remoção do membro aconteceu devido à negligência médica. A criança sofreu uma fratura exposta quando caiu de um cavalo em Chaval, no Ceará, e buscou atendimento médico em Parnaíba.Na época, a família registrou um boletim de ocorrência no 2º Distrito Policial por acreditar que houve erro médico durante a internação do menino no Hospital Regional Dirceu Arcoverde (Heda). Em posse do resultado dos exames, a família ingressou com ação na 4ª Vara Cível de Parnaíba cobrando reparação por danos morais, materiais e estéticos no valor de R$ 1,4 milhão.A Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi) afirma que quem está sendo acionado judicialmente é o médico que atendeu o garoto, mas o sistema do site do Tribunal de Justiça mostra que o Governo do Piauí figura como réu. O procurador geral do estado, Plínio Clerton, não foi encontrado para comentar o caso.O G1 obteve com exclusividade uma cópia do laudo no qual o médico legista afirma que houve negligência por parte da equipe médica durante a primeira internação (o paciente teve duas internações) que não evitou a complicação que resultou em necrose e na amputação de todo o membro superior da vítima.O laudo conclui ainda que o procedimento colocou em perigo a vida do garoto diante do risco de sepse (infecção generalizada e morte do paciente).Esse caso foi mostrado pelo G1 em reportagem publicada em janeiro do ano passado. Ao registrar ocorrência na polícia, a mãe do garoto relatou que a criança deu entrada no hospital dia 18 de dezembro de 2013 e uma cirurgia de correção foi feita no braço da criança, que recebeu alta no dia 20. No dia 21, a família voltou ao Heda, porque o braço do garoto estava escuro, a mão cheia de bolhas, as unhas pretas e sentindo fortes dores.A amputação do membro foi feita no dia 22, e, segundo a mãe da criança, os médicos não deram explicação para o procedimento. Após a cirurgia, bolhas voltaram a aparecer pelo corpo da criança.A conclusão do laudo do Instituto Médico Legal (IML) dá conta que a complicação que levou à amputação do braço do jovem poderia ter sido evitada, caso o paciente tivesse sido melhor observado. Entendo que a primeira alta hospitalar foi precoce e que a complicação após o tratamento cirurgíco poderia ter sido evitada se o paciente tivesse permanecido mais tempo internado, com acompanhamento clínico, cirúrgicos e laboratorial adequados, diz o texto.Na época, a direção do Heda enviou uma nota à imprensa na qual informava que a amputação aconteceu porque os médicos detectaram que o membro já estava em estado avançado de infecção. A direção disse ainda que o procedimento foi realizado para evitar uma infecção generalizada e que a cirurgia foi feita para salvar a vida da criança com expressa autorização da família.Os advogados da família Adelmir Lima e Fernando Tallyson, acusam os médicos de não terem feito a limpeza correta antes dos curativos e informou que a ação contra o estado visa reparação de danos morais, materiais e estéticos. Segundo eles, a família já havia tentado acordo com o médico que atendeu o garoto no Heda, mas sem sucesso.