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Comissão pede audiência para debater crise da mandiocultura

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(Foto: Divulgação)
Os produtores criticam o baixo preço pago pelas fecularias em função da alta produtividade e cobram a fixação de um preço mínimo de 0,55 centavos pelo grama da mandioca comercializado. Saiba MaisPresidente da Câmara de Nova Andradina reúne-se com produtores de mandioca da regiãoRenato Câmara propõe isenção de ICMS para produtores de mandiocaIvinhema: Sem acordo, produtores de mandioca continuam a paralisaçãoCido Pantanal se reúne com produtores de mandioca em IvinhemaProdutores esperam reunião, mas paralisam colheita de mandiocaO presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira, deputado estadual Marcio Fernandes (PTdoB), intermediou na tarde desta quarta-feira (15) na Presidência da Casa de Leis, reunião com produtores de mandioca, representantes da indústria, prefeitos e lideranças do Estado para esclarecer os efeitos ocasionados pela crise no setor da mandiocultura. Com o intenso debate, foi decidido que uma audiência pública na Assembleia Legislativa será marcada para o dia 07 de maio às 14h com todos os representantes da cadeia produtiva.“Mato Grosso do Sul é um dos grandes produtores de fécula no Brasil, atividade que é muito explorada pela agricultura familiar em todo o Estado. É a primeira reunião do ano realizada pela Comissão de Agricultura e precisamos buscar soluções que garantam o plantio, o cultivo e mantenha o emprego desses trabalhadores”, destacou Marcio Fernandes.Segundo os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a área plantada de mandioca é superior a 30 mil hectares em Mato Grosso do Sul, colocando o Estado como segundo maior produtor de mandioca do país. Os produtores criticam o baixo preço pago pelas fecularias em função da alta produtividade e cobram a fixação de um preço mínimo de 0,55 centavos pelo grama da mandioca comercializado.Mato Grosso do Sul possui 20 fecularias que produzem em média 130 mil toneladas por ano. No entanto, o valor pago pelas fecularias tem sido insuficiente para cobrir as despesas com o custo da produção, ameaçando o futuro da cultura de produção de mandioca. Para o produtor de Ivinhema, José Corte Real, a explicação da crise na mandiocultura está na super-safra. Segundo ele, as fecularias não conseguem acompanhar o ritmo da produção e sem ter como escoar, também não absorvem a fabricação excedente. “Há dois anos o grama da mandioca chegou a custar um real. Hoje está em torno de 0,26 a 0,33 centavos em função da superprodução. Dessa forma, a gente não consegue colher e menos ainda pagar o investimento, que seria o financiamento do banco”, pontuou José.O secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Fazenda, Jader Afonso, acredita que a crise na mandiocultura no Estado é, basicamente, de caráter econômico. “É preciso um trabalho permanente quando houver excesso de ofertas para que tenha também uma manutenção dos preços mínimos, sem prejuízos para o mercado, quando não houver demanda. Vamos estudar uma forma de colaborar com o produtor no que se refere à questão tributária”, garantiu.A reunião foi solicitada pelos deputados estaduais João Grandão (PT) e Renato Câmara (PMDB), que defendem alterações na lei 2.608/2003, que trata da adição de percentual de fécula ou farinha de mandioca na confecção de pães e similares. O deputado estadual Renato Câmara, que é a favor da regulamentação da lei, destacou a reunião como positiva em função da possibilidade de ampliar as discussões: “Além da inclusão dos produtos derivados de mandioca na farinha de trigo, precisamos tratar da questão tributária, estocagem de produtos e esse encontro deve ser o início de algumas soluções para os problemas”, advertiu. Segundo o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA/MS) Gerson Faccina, o atual debate é similar a uma crise que houve em 2005 e repercutiu em esfera federal. “Se essa questão do percentual for aprovada aqui no Estado, pode novamente ganhar destaque em âmbito nacional e a aprovação da lei daria uma garantia permanente de mercado. Não seria apenas um socorro imediato, mas que vai dar segurança financeira de comércio a médio e longo prazo”, acredita.Depois de mais de duas horas reunidos, a Comissão de Agricultura decidiu marcar uma audiência pública na Assembleia Legislativa na tentativa de esclarecer as sugestões e propostas apresentadas. “Convidaremos todos os órgãos de interesse do setor para participarem conosco deste novo debate, na expectativa de que seja decisivo”, finalizou Marcio Fernandes.Segundo o secretário-executivo da Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar (SEPAF), Carlos Roberto Gonçalves, “Como em todo o país, a cultura da mandioca em nosso Estado também é cíclica, isto é, a cada 2 ou 3 anos sofre profundas modificações de aumento ou redução na área plantada. Este comportamento cíclico é causado pelo aumento ou pela redução dos preços. Por conta disso vem o excesso de produção e o preço diminui. Precisamos adotar medidas que ao longo dos anos minimizem os efeitos do preço alto e preço baixo, fazendo com o pequeno produtor tenha uma maior estabilidade de renda com relação à produção da mandioca”, descreve o secretário.Também participaram da reunião os deputados estaduais, Angelo Guerreiro (PSDB), Beto Pereira (PDT)e Eduardo Rocha (PMDB).