Obras de pavimentação e drenagem modificaram o curso da Avenida Tamandaré, transformando-a em um cenário digno de rally com muita terra, pedra e buracos. Quem transita ou trabalha próximo da via questiona o tempo de conclusão da intervenção, enquanto contabiliza prejuízos.Em frente a Floricultura Caminho das Flores, no Bairro São Caetano, a avenida quase desapareceu desde novembro do ano passado. O aposentado Agenor Leonel, 71 anos, conta que a esposa tem que pular buracos para manter as vendas e pagar o aluguel de R$ 300. “Estamos quase isolados e, em dia de chuva, dá dó das pessoas de moto caindo nos buracos e vindo pedir ajuda para se lavar. A obra era para ter terminado em fevereiro”.Até mesmo na hora da despedida, no Cemitério Jardim das Palmeiras, pedestres e condutores enfrentam dificuldades para acessar as salas de homenagem. O gerente administrativo, Reginaldo Nogueira, tem buscado alternativas para conter os efeitos de três escavações que comprometem a limpeza do espaço e tem causado acidentes.O filho da auxiliar de comércio, Adriana Ferreira, 39, foi uma das vítimas de moto no cenário de rally ao cair em uma vala. “É terrível em dia de chuva porque alaga e eu mesmo tenho que ir ao ponto de ônibus no meio do barro. Estou louca pra mudar”, contou com a filha Ana Clara, de nove meses, nos braços.Giuliana Andrade aguarda transporte para voltar com dona Maria José, após tratamento de fisioterapia que exige força no braço por conta da cadeira de rodas De acordo com o projeto de intervenção, a Avenida Tamandaré terá 2,5 quilômetros recapeados em plano de urbanização do Complexo Seminário, financiado pelo PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento). As obras, estimadas em R$ 19,7 milhões, contemplam pavimentação de 76 vias, cinco recapeamentos, além de 9,5 quilômetros de drenagem. Seria justamente a falta de finalização do último item a razão dos problemas apontados pelos moradores.A Prefeitura de Campo Grande, por meio de sua assessoria de imprensa, explica que os problemas na região são decorrentes de declive acentuado no qual a água da chuva desce com força e tem removido materiais e a capa asfáltica, como no dia 17 de abril. “Todos os esforços estão sendo feitos para concluir os serviços, que se torna moroso em decorrência das chuvas que ocorreram. A Prefeitura pede compreensão dos moradores e vai determinar as obras de correção necessárias para evitar maiores transtornos”, pontua nota, que ainda ressalta que os prejuízos “não geram novos custos, sendo de responsabilidade da empresa responsável”.Enquanto as soluções não ocorrem, a aposentada Maria José Souza, 63, vai continuar enfrentando dificuldades para ir e voltar de cadeira de rodas das sessões de fisioterapia na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco). Isso porque sem rebaixamento de calçada no ponto de ônibus, somado a pedras e muita terra, ela continuará tendo que contar com a força do braço do neto e gari Vinícius de Souza, 22, e de sua esposa Giuliana Andrade de Brito, 33, para continuar a reabilitação após uma fratura na perna esquerda.