Casos são investigados na DEPCA. De janeiro a agosto deste ano, 278 casos de estupro de vulnerável foram denunciados à polícia de Campo Grande. Isto quer dizer que, a cada 24 horas pelo menos uma criança ou adolescente foi violentado na Capital e, deste total, 130 têm, no máximo, 11 anos. Os números foram divulgados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp). Conforme os dados da Sejusp, a maioria das vítimas de estupro são do sexo feminino. Nesse período, foram 105 meninas, com idades entre 12 e 17 anos e outras 93 com idades entre 0 e 11 anos. Em se tratando do sexo masculino, foram 52 casos envolvendo adolescentes de 12 a 17 anos e outros 37 de meninos de 0 a 11 anos. O psicólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Antonio José Angelo Motti, pontua que, “quando o assunto é violência sexual e violência psicológica, as meninas ocupam os indicadores maiores, tanto na denúncia quanto nos registro de atendimento. Quando se trata de espancamentos, os meninos são as principais vítimas”, diz. Na opinião do professor, o volume de denúncias demonstram que, a população acredita nos canais de proteção à criança. “Temos também um sistema de proteção razoável. A realidade não muda porque não mudamos nossas velhas e ultrapassadas percepções e forma de ver, pensar e agir, embora tenhamos todo aparato legal e por vezes institucionais”, declarou o professor.Ainda segundo ele, o problema é que algumas pessoas ainda estão sob o domínio de velhas tradições “que não reconhecem crianças e adolescentes como pessoas detentoras de todos os direitos humanos, pessoas dotadas de direitos sexuais e reprodutivos e que, por estarem em condições peculiares de desenvolvimento, devem ser especialmente protegidas para que esses direitos sejam de fato efetivados”, finalizou. OS CASOSDados divulgados pela Ouvidoria Nacional do Ministério dos Direitos Humanos apontam que, O Disque 100, que registra denúncias sobre violações de Direitos Humanos, recebeu 2.555 chamadas de casos de violência em Mato Grosso do Sul no ano passado. Deste total, 65% envolvendo crianças e adolescentes.O número coloca o estado em 2º lugar em denúncias sobre violação de direitos humanos, ficando atrás apenas do Distrito Federal. Quando se trata de crianças e adolescentes, as violações mais comuns são o trabalho infantil; a exploração ou abuso sexual; uso de álcool e outras drogas; garotos e garotas em situação de rua e o desaparecimento.No último dia 16 de agosto, dois homens foram presos por abusar sexualmente de três crianças e uma adolescente, em Campo Grande. Em um dos caso, um pedreiro, de 54 anos, foi preso pelo estupro de duas meninas, de doze e dez anos, que eram cuidadas por uma babá que ele namorava. Ela não sabia dos estupros. No outro caso, um funileiro, de 31 anos, também foi preso, preventivamente por abusar da filha e da amiga dela, ambas de sete anos. OS DANOS Segundo Motti, a grosso modo, os efeitos da violência física, sexual ou psicológica são os mesmos e, na maioria das vezes, cumulativos. “uma violência física tem um um componente de violência psicológica e a violência sexual por vezes pode promover a agressão física no corpo da vítima. Todas elas têm um conteúdo subjetivo muito grande e que não oferece padronização”, finalizou.