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Ivinhema: Com novo coração e promessa cumprida, Cleonice tenta achar família de doador

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(Foto: Divulgação)
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(Foto: Divulgação)
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(Foto: Divulgação)
Cleonice à época do transplante de coração na Santa Casa, com equipe que lhe cuidou tão bem. Quatro horas e 282 quilômetros de distância separaram Cleonice do novo coração no dia 18 de março de 2013. A dona de casa que mora num sítio em Ivinhema correu contra o tempo para receber o transplante. Três meses de espera na fila e uma década de tratamento acabaram quando ela recebeu o órgão doado. Com as batidas do novo coração, Cleonice pode dar continuidade à vida que já estava quase acabando. Neste capítulo, ela também cumpriu a promessa que fez junto ao marido, de se casarem na igreja. Cleonice tinha 47 anos à época. Hoje com 50, a contagem regressiva é para subir mais um na idade. No peito, além de carregar novas batidas, a vontade de agradecer a fez procurar novamente a Santa Casa. Para poder abraçar quem ficou da pessoa que lhe deu a chance de viver. Por telefone, lá do sítio onde mora, Cleonice fala humildemente que sua intenção não é de fazer ou dar alguma coisa, até porque se declara uma mulher pobre. Talvez de bens materiais, mas gratidão ali não falta. Não sei explicar o que eu tinha, só os médicos que sabem, mas minha vida já estava no final, conta Cleonice Maria Xavier Ribeiro Saraiva sobre o transplante, feito às 18h30 do dia 18 de março, três anos e um mês atrás. Depois do transplante, ela cumpriu a promessa de se casar na igreja. Foram 10 anos de tratamento até ela ser encaminhada ao transplante, conta a paciente. Neste meio tempo, fez uma promessa junto ao marido, de jurar amor na saúde e na doença - o que ele já vinha cumprindo - agora perante a igreja. Depois do transplante, a gente ia casar na igreja. Ele me deu a maior força e dizia vai nega, confia em Deus que quando você voltar, nós casa, conta.Quando o telefone tocou e do outro lado da linha veio a informação do transplante, Cleonice se pôs a chorar. Eu usava um aparelho para ajudar o coração, quando eles ligaram... Eu comecei a chorar. Minha vida estava na beira de um falecimento, se eu fizesse, era um risco. Se não fizesse, também. Mas graças a Deus, aos médicos e enfermeiros da Santa Casa, eu estou viva, diz.Depois da cirurgia, foram 2 meses e 28 dias contados no calendário de recuperação, onde a dona de casa conta que ficou ligada a aparelhos, em coma e teve um problema no pulmão. Mas o coração os médicos dizem que reagiu rapidão, afirma. Fotografia do casamento foi levada para capela da Santa Casa, onde tudo foi possível. Ao chegar em casa, passado todo período de recuperação, Cleonice procurou o padre da cidade e perguntou se podia se casar. A resposta não só foi afirmativa, ela também poderia usar vestido branco e véu. Mas só ponhei vestido, detalha. O casamento - que cumpria a promessa feita - aconteceu em maio de 2014, um ano depois do transplante.Além das fotos na igreja, a paciente fez questão de deixar uma imagem, em agradecimento, na capela da Santa Casa. Mãe de três filhos adultos e uma de 12 anos de criação, foi pelo pai que Cleonice chegou ao altar. Era a realização de um sonho, diz.O coração doado trouxe a ela fôlego também para realizar outro desejo. Eu não fiquei sabendo de nada da família, mas tenho muita vontade de conhecê-la. Conhecer os amigos, a família, agradecer. Ele perdeu a vida, mas salvou uma e como eu carrego um pedaço dele no meu peito, minha vontade é de abraçar quem ficou, diz emocionada.Apesar do vocabulário simples durante a nossa conversa, a gratidão faz dona Cleonice buscar as melhores palavras para dizer que quer conhecer a família que autorizou a doação daquele coração. Não sei se é pensamento ou sonho, mas eu imagino que o coração venha de um rapaz de cabelo liso. Quero conhecer a família para ver se parecesse com esse sonho.O hospital não tem permissão de fornecer dados dos pacientes e nem intermediar o contato com a família doadora. Dona Cleonice só quer abraçar e fazer com que o lado de quem doou sinta o que ficou daquele que partiu.