Ismaily Gonçalves dos Santos é natural de Angélica Conteúdo relacionadoTite convoca o Angeliquense Ismaily para a Seleção BrasileiraSurpresa na lista de Tite para os amistosos da seleção brasileira, Ismaily é quase um desconhecido no Brasil, já que teve uma curta passagem pelo país antes de ir à Europa. Tudo poderia ter sido diferente, caso um teste tivesse dado certo. Torcedor do São Paulo desde a infância, ele fez peneira no clube tricolor quando aproximadamente 15 anos.Apesar de ser sido reprovado, o garoto realizou o sonho de conhecer o estádio do seu time de coração e passear pela capital paulista.Ele é são-paulino e ficou um pouco chateado por não ter passado, mas só por ter conhecido o Morumbi já voltou radiante. Para você ter uma noção, ele trouxe umas pedrinhas do estádio e acho que as guarda até hoje. Ficou um tempão falando que tinha ido lá e estava muito feliz, disse Pacélia Maria Gonçalves, mãe do jogador, ao Portal Espn.Depois disso, Ismaily foi aprovado em uma peneira no Rio Branco (SP), mas não quis ficar na equipe de Americana. Ele preferiu voltar para casa e continuar jogando no Mato Grosso do Sul.Revelado no Ivinhema, ele foi campeão estadual em 2008 - ainda como atacante - e levado ao Desportivo Brasil, de Porto Feliz (SP).Ainda passou pelo São Bento antes de ser levado ao Estoril-POR, Olhanense-POR e Braga-POR até chegar ao Shakhtar. Desde 2013 no clube ucraniano, Ismaily venceu dez títulos.Nome de cinemaMais velho de três filhos, Ismaily Gonçalves dos Santos é natural de Angélica. O nome do lateral foi inspirado no filme Smiley, de 1956.“Meu marido jogava futebol profissional no Mato Grosso do Sul e treinava de manhã. Depois do almoço, ele ficava em casa vendo a Sessão da Tarde [TV Globo]. Eu estava grávida de sete meses e não fiz ultrassom para ver o sexo. Queria ter essa surpresa, relatou.Um dia, cheguei do trabalho e ele me disse: ‘Olha, se for menino nós já temos um nome. Eu vi um filme muito lindo e o nome do molequinho é Smile’. Na hora eu fiquei assim: ‘Smile’? Achei tão esquisito e diferente”, recordou Pacélia.Ismaily nasceu em 1990 e recebeu o nome do personagem interpretado pelo ator Colin Petersen.“O garoto do filme era muito pobre e juntava coisas para comprar uma bicicleta. E era muito levado, mas o nosso Ismaily é totalmente diferente (risos). Ele sempre foi bem responsável e nunca nos deu trabalho. Se sentia alguma coisa, não falava. Ele não é de conversa e é muito tímido desde criança”, analisou.O amor pelo futebol era o que mais unia pai e filho pelos campos do Mato Grosso do Sul.“Meu marido era professor de escolinha de futebol e eles iam treinar e fazer amistosos em outras cidade. O Ismaily se destacava muito. Desde pequenininho falavam que ele seria jogador profissional. Meu marido sempre incentivou e cobrou bastante o menino”, garantiu.A vida longe do glamour do futebol de elite não era nada fácil. “Ele trabalhou na prefeitura da cidade de Angélica por uns dois meses e no mercado local. Mas foi por pouco tempo porque já começou a coincidir com os treinos”, contou.Ismaily se profissionalizou pelo Ivinhema e foi campeão estadual em 2008. “Ele ia treinar com muita dificuldade, dividia a gasolina na moto com um colega. Tinha dias que o meu filho ia de carona, em outros não ia”, contou.Aos 18 anos, foi levado ao Desportivo Brasil, clube que pertencia à Traffic (empresa de marketing esportivo), mas sofria com a saudade da família.“Ele sempre me falou que queria ser jogador profissional, mas ficou com medo de sair porque era muito apegado a gente. Nunca tinha saído de casa. Tanto é que quando ele foi para o interior de São Paulo sempre que podia voltava para passar os finais de semana com a gente”, disse.“Eu chegava do serviço morrendo de saudades dele. Teve uma vez que o Ismaily queria fazer surpresa e deixou o sapato na porta de casa. Aí não teve como porque eu nem estava esperando. Eu já fiquei assustada (risos). Ele pegava o ônibus e vinha nos ver”, relatou.Dificuldades da EuropaEm 2009, ele foi emprestado ao São Bento antes de chegar ao Estoril-POR, clube que também era gerido pela Traffic.“No começo em Portugal foi muito duro. Quando ele saiu a gente ficou com medo porque não tínhamos muito conhecimento de como seria por lá. O mundo do futebol é muito complicado, afirmou.Ele chegou sozinho até se estabilizar. Depois, casou e levou a esposa. Ele namora a mesma menina desde os tempos de Angélica. Eles nos deram dois netinhos”, contou a vovó orgulhosa.Após defender o Olhanense-POR e o Braga-POR, Ismaily foi contratado pelo Shakhtar Donestk, em 2012. Ele chegou a levar seu irmão mais novo para fazer testes nas categorias de base do clube ucraniano.Meu outro filho não levou sorte porque quebrou o braço em um treino e ficou um pouco decepcionado e voltou. Ele tem 17 anos e mora em casa, acho que vai seguir os passos do Ismaily”, garantiu.A maior aflição que Pacélia passou com o filho foi em 2014, quando começou na Ucrânia o conflito entre as forças do Governo e os rebeldes pró-Rússia no leste do país. A Donbass Arena (estádio do clube) foi bombardeada e bastante danificada durante a guerra.Por causa disso, o clube ucraniano foi forçado a abandonar Donestk e a jogar em Kiev e Lviv, longe de sua torcida.“A gente ficou muito preocupado depois quando a Ucrânia entrou em guerra, mas tudo deu certo. Já fui visitá-lo lá e é muito frio (risos)”, relatou.“Colocamos o nome e depois soubemos que é sorria em inglês. Ele foi tudo de bom na nossa vida e veio para trazer alegria para nossa família. Ver o sonho do nosso filho se realizar é maravilhoso e só tenho que agradecer a Deus”, finalizou. (Com informações da ESPN)
São-paulino doente, Ismaily foi reprovado pelo clube, mas guardou pedrinhas do Morumbi
Redação,
22/03/2018 às 03:00 •