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Suspeitas investigadas pela PF são denunciadas há anos pelo Midiamax

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(Foto: Divulgação)
As relações suspeitas entre políticos e empresários de Mato Grosso do Sul não são novidade para os leitores do Jornal Midiamax. O poderio e influência do empreiteiro João Alberto Krampe Amorim dos Santos nos mandatos de políticos ligados ao ex-prefeito de Campo Grande e ex-governador de MS, André Puccinelli (PMDB), por exemplo, é relatado há mais de cinco anos com reportagens sobre os contratos públicos e doações eleitorais milionárias.O suposto esquema de corrupção investigado pela Operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e Ministério Público Federal, revela ligações das quais o Jornal Midiamax já havia falado há mais de cinco anos. As notícias estão disponíveis para todos, inclusive para os membros do Ministério Público Estadual, desde então.Ex-cunhado de Nelson Trad Filho, irmão da atual deputada estadual Antonieta Amorim e sobrinho do primeiro governador de Mato Grosso do Sul, Harry Amorim Costa, o empreiteiro João Amorim ganhou destaque com o financiamento de campanhas políticas pela Proteco Construções Ltda. e com contratos milionários que passou a ganhar na Prefeitura de Campo Grande e no governo de Mato Grosso do Sul.Desde as primeiras denúncias, notícias mostram as evidentes relações entre o grupo político do ex-governador André Puccinelli e João Amorim. Mas, André é alvo de questionamento pela forma como trata empreiteiros desde antes. A três dias de fechar o último mandato como prefeito de Campo Grande, por exemplo, ele fez a doação da área pública do Terreno do Papa, que se tornou alvo de investigação.Em 2010, por exemplo, durante a Operação Uragano, o depoimento do empresário Geraldo Assis, da Planacom, afirmava que o dinheiro desviado de obras superfaturadas “seria entregue para uma secretaria de João Amorim no 9º andar do prédio Quinta Avenida,  no centro de Campo Grande, e de lá para o governador, que ordenaria os repasses”.Na época, o Jornal Midiamax publicou em primeira mão trecho de gravação realizada com autorização judicial que mostrava o então primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado Ary Rigo, revelando que haveria uma divisão de propinas envolvendo todos os poderes em Mato Grosso do Sul. Com o escândalo, Rigo se desmentiu e foi varrido do cenário político. André Puccinelli, à época, deu várias versões para explicar as declarações.A Proteco Construções Ltda. ganhou evidência no noticiário do Jornal Midiamax não só pelas relações políticas, mas principalmente pela quantidade de obras milionárias. E as suspeitas sobre a medição e qualidade dos serviços executados ganhou força ao longo dos anos. Em uma delas, a empreiteira até instalou um poste de energia no meio da rodovia MS-436, no ano de 2011. Entre as obras milionárias, que somente na segunda gestão de Puccinelli somam contratos de mais de R$ 230 milhões com João Amorim, está a emblemática pavimentação da MS-040, ao custo de R$ 45,4 milhões por 40 quilômetros e diversos contratos de manutenção de estradas. Apesar dos contratos feitos para melhorar o escoamento da produção e manter as estradas do Estado em boas condições, o Jornal Midiamax flagrou máquinas trabalhando apenas em saídas de “fazendas amigas” dos empreiteiros. As ramificações do poder do empreiteiro se estendem ao Legislativo e ao Executivo. Para eleger a irmã deputada estadual, o empresário investiu R$ 1,4 milhão, sozinho, na sua campanha em 2014. E, sem medo de admitir a estreita relação que mantém com João, Puccinelli admitiu que Giroto foi definido candidato à Prefeitura de Campo Grande na casa do empreiteiro.Em homenagem ao ex-governador e tio, o presídio de Dourados, que se chamava Harry Amorim Costa, teve o nome trocado a pedido da família, com projeto apresentado por Carlos Marun no fim do ano passado. Marun está entre os políticos ligados a Puccinelli que receberam doação de campanha de Amorim. Edson Giroto, que também recebeu vultosas doações da Proteco Construções Ltda. por meio do diretório do PMDB, também foi alvo de investigação durante a Operação Lama Asfáltica. O ex-secretário de obras de Puccinelli teve mandado de busca e apreensão cumprido na sua mansão no Dahma, em Campo Grande. Após a ação da polícia, ele pediu afastamento do Ministério dos Transportes.A influência direta de Amorim também foi revelada pelo Jornal Midiamax em matéria de dezembro de 2014, quando uma engenheira da Proteco Construções Ltda. foi nomeada na Seintrha (Secretaria Municipal de Transporte e Habitação). No início do ano, após ser eleita, a irmã do empreiteiro, Antonieta Amorim, se tornou a presidente da Comissão de Obras da Assembleia, justamente com a finalidade de fiscalizar as construções em Mato Grosso do Sul.A informação de que a Proteco Construções Ltda. ganhou a obra do Aquário do Pantanal também de forma suspeita, apesar de evidenciada nos últimos dias pelo resto da imprensa com base no relatório da PF sobre a Operação Lama Asfáltica, também não é novidade para os leitores do Jornal Midiamax.Após denúncias no início do ano, foi revelado o esquema que colocou a Proteco Construções Ltda. à frente do Aquário do Pantanal, mesmo sem ganhar licitação para tocar a obra. A Egelte Engenharia ‘contratou’ a empresa de Amorim para dar seguimento à construção. Em ritmo reduzido, a obra leva mais tempo para ser construída e, por consequência, mais aditivos precisam ser alocados. Com custo inicial de R$ 84 milhões, o governo admite que a obra já custa mais de R$ 230 milhões. Mesmo depois de muitas denúncias publicadas, a Operação Lama Asfáltica, desencadeada após trabalho de investigação do MPF (Ministério Público Federal), ocorreu dois anos após as primeiras suspeitas.No Estado, existem várias investigações em curso no MPE (Ministério Público Estadual), mas o resultado delas não são divulgados pelo órgão. No portal da transparência, que deveria conter as atividades-fim do Ministério, não há nenhum dado. Para ter acesso às informações, segundo a assessoria de comunicação do MPE, é preciso ir a cada uma das promotorias do Patrimônio Público e verificar, após apresentação de ofício, no arquivo físico, um por um dos processos para checar o andamento e o que virou, de cada um.Após a deflagração da operação, o MPF, a Receita Federal, a CGU (Controladoria-Geral da União) e a Polícia Federal analisam os documentos para saber qual a exata participação de cada um dos empresários, políticos e servidores no esquema que desviou R$ 11 milhões em verbas federais de obras do Estado.