O volume significa um prejuízo de US$ 101 milhões ao setor, que tem escoado a produção por rodovias.Em entrevista exclusiva ao DCI, o coordenador executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, destaca que o montante se refere apenas as perdas diretas à cadeia produtiva, visto que as tradings localizadas ao longo da hidrovia têm prejuízos ainda maiores.Em nota, o Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo (DH) estima que a paralisação tenha ocasionado danos financeiros em torno de R$ 700 milhões entre demissões, novos investimentos não realizados, perda de carga, encarecimento do frete, seguro para transporte e demorrage no Porto de Santos (tempo que os navios ficam parados no porto de Santos a espera das cargas).A navegação na hidrovia Tietê-Paraná continua suspensa apenas no trecho entre o km 99,5 do reservatório de Três Irmãos e a eclusa de Nova Avanhandava, em função do calado estar abaixo do mínimo exigido para navegação, que é de 2,20 m., interrompida pela Marinha, em maio de 2014, mas a movimentação está restrita desde fevereiro de 2014 em função da crise no setor energético, informa o DH.De acordo com o órgão, o governo federal direcionou a água para geração de energia em detrimento da navegação, fato agravado pela estiagem que ainda afeta toda região sudeste de São Paulo.Apenas no trecho paulista, há navegação de cana de açúcar e areia.DanosAntes da paralisação, o sistema de escoamento de commodities que vinham do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás era rodo-hidro-ferro, como denomina o Pró-Logística - órgão presidido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja- MT). Os grãos saíam dos estados de origem por meio de caminhões até São Simão (GO), seguiam pela Tietê-Paraná até Pederneiras (SP) e dali em diante por ferrovia até Santos.Na nota, o DH enfatiza que as cargas especialmente prejudicadas são as de longo percurso, ou seja, soja e milho, nos arredores de São Simão. Lá, estão situadas cinco tradings: ADM, Caramuru, DNP, Granol, Louis Dreyfus.Só em instalações, as tradings investiram R$ 6 bilhões ao longo dos anos e agora a estrutura está parada, por isso elas têm se mobilizado nas discussões de restabelecimento da navegação, diz Ferreira.Ciente dos efeitos tantos aos produtores quanto às companhias, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também tem atuado nas discussões com o governo federal.Segundo a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Perillo se reuniu, na última semana, com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante para debater o tema. Por este corredor fluvial, o setor produtivo consegue escoar sua produção, com um preço de frete mais baixo e de menor degradação ambiental, disse o governador para a SNA.Vale ressaltar que o sistema hidroviário não foi incluso no Programa de Investimentos em Logística (PIL), que prevê R$ 198,4 bilhões em investimentos para infraestrutura logística de rodovias (R$ 66,1 bilhões), ferrovias (R$ 86,4 bilhões), portos (R$ 37,4 bilhões) e aeroportos (R$ 8,5 bilhões). Entretanto, um levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) aponta que seria necessário um aporte mínimo de R$ 34 bilhões para melhorar o escoamento só de soja e milho no País, por hidrovia.ProjeçõesO executivo do Pró-Logística, que também tem participado das discussões na Casa Civil, afirma que para este ano já não há viabilidade para restabelecimento da navegação.Estamos trabalhando para que ela [hidrovia] seja restabelecida em fevereiro de 2016. Portanto, conseguimos mensurar os danos para este ano todo, avalia Ferreira.Os 5,5 milhões de toneladas que deixaram de ser embarcadas pela Tietê-Paraná referem-se a dois milhões de 2014 e outras 3,5 milhões de toneladas previstas para 2015. Segundo o DH, a última reunião com o governo federal aconteceu no dia 13 deste mês e nos próximos dias todos os envolvidos serão convocados para apresentarem propostas.
Agronegócio perde US$ 101 mil sem hidrovia
Redação, Portal do Agronegócio
26/07/2015 às 03:00 •