Abertura fez movimento aumentar. Após a abertura da fronteira entre a Bolívia e Corumbá, a 444 quilômetros de Campo Grande, no último sábado (5), o movimento no comércio do lado brasileiro, segue intenso, principalmente por bolivianos que vivem nas cidades de Puerto Suárez e Puerto Quijarro.A linha internacional fronteiriça que delimita Corumbá com as cidades bolivianas estava fechada devido a pandemia. A abertura é respaldada por um “acordo de reciprocidade” entre cidades gêmeas que fazem fronteira. No entanto, não está aberta para todos. Apenas moradores das cidades fronteiriças podem cruzar os territórios que delimitam a área de cada nação.Boa parte dos bolivianos alega que, com a alta do dólar, o câmbio entre as moedas é propício para as compras em Corumbá divulgou o Diário Corumbaense. A qualidade dos produtos e marcas de mercadorias são atrativos.“Quando soube da abertura da fronteira, resolvi vir até Corumbá, fazer compras de roupas. Estou levando calças e camisetas, que por sinal, são de boa qualidade e preço bem em conta. O dólar está favorável à moeda boliviana e, por conta disso, é muito mais econômico adquirir produtos em Corumbá”, disse Daniel Escalera.Há quem procura Corumbá também para comprar alimentos e produtos de limpeza. “Hoje vim comprar algumas calças e shorts. É uma diferença muito alta nos preços e isso é atrativo. Mas, desde que abriu a fronteira, já tinha vindo até Corumbá, para comprar arroz, feijão, óleo e até mesmo produtos de limpeza, como detergente, sabão em barra e em pó, água sanitária, enfim, compras para suprir a necessidade da família. Agora estou comprando roupas”, disse Judith Margareth Suarez.A boliviana destaca que se tivesse comprado na Bolívia os mesmos produtos, gastaria quase o dobro.Para alavancar as vendas, alguns comerciantes buscam facilitar para os clientes. Mohamad Gharib, que tem uma loja de roupas na rua Frei Mariano, contou que, além do dólar, está aceitando também a moeda da Bolívia. Com um aviso em espanhol na frente da loja, ele consegue atrair os bolivianos e, pouco a pouco, recuperar as vendas, que durante esses cinco meses, ficaram praticamente paradas devido à pandemia do coronavírus.“Praticamente ficamos no zero. Hoje, no cenário atual que vivemos devido à economia, a fronteira da Bolívia é praticamente 90% do movimento do comércio de Corumbá. Estamos com problema da pandemia, mas se as autoridades controlarem de um lado e do outro, conseguimos seguir. Trabalhamos janeiro, fevereiro e março. Os meses de abril a agosto ficamos no zero. Nesses meses parados tive um movimento só de 10% nas vendas. Agora, desde sábado deu uma melhorada, senti que deu uma reagida, começamos a trabalhar. Melhorou entre 50% a 60% o movimento. Isso falo pela minha loja, agora sabemos que os supermercados também estão lotados e boa parte dos clientes são os bolivianos”, falou o comerciante.“Evidentemente que a decisão tomada da abertura de fronteira envolve além dessa questão econômica. Certamente, foi analisada pelos poderes públicos a questão sanitária, pois isso nos preocupa. É muito importante que haja uma conciliação de interesses entre o fluxo de fronteira e que não traga prejuízos à questão da pandemia”, avaliou o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Corumbá, Otávio Philbois.“Sem dúvida que isso traz benefício, impacto positivo e ajuda a recomposição de empregos, desde que o poder público tenha a devida cautela. Pelo cenário atual, com o câmbio fica muito favorável aos bolivianos comprarem do lado de cá”, pontuou o empresário acreditando que a tendência é de crescimento. “Crescer, não deixando a prevenção e combate ao vírus de lado”, alertou.