A Agência Nacional de Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde (ANSM, sigla em francês) da França suspendeu nesta quarta-feira a autorização para a venda a pílula Diane 35, da farmacêutica alemã Bayer, e seus genéricos no país. A decisão foi tomada dias após a ANSM ter confirmado que o uso do medicamento, utilizado para combater a acne e também como anticoncepcional, está diretamente associado a quatro mortes por trombose ocorridas nos últimos 27 anos na França. De acordo com Dominique Maraninchi, diretor-geral da agência francesa, a suspensão deve começar a valer dentro de três meses. Ele recomenda que os pacientes não interrompam bruscamente seu tratamento nesse intervalo de tempo.Nesta terça-feira, a ANSM anunciou que iria pedir que as autoridades sanitárias do país proibissem a prescrição da Diane 35 para fins anticoncepcionais - originalmente, a pílula era um medicamento contra a acne. É preciso parar com esse uso ambíguo e sua utilização como contraceptivo. É uma situação que durou tempo demais, disse Maraninchi, em entrevista à rádio parisiense RTL.Nesta segunda-feira, em resposta ao anúncio da ANSM, o laboratório Bayer divulgou uma nota na qual frisou que os riscos de coágulos sanguíneos ligados ao tratamento contra acne com Diane 35 são conhecidos e estão claramente indicados na bula de informação ao paciente. De acordo com a companhia alemã, o medicamento só deve ser prescrito em casos de acne e no respeito de suas contraindicações.Brasil - A Diane 35 também é amplamente utilizada como anticoncepcional no Brasil. Essa pílula está no país há mais de 20 anos. O tipo de progesterona presente no remédio é a ciproterona, conhecida por melhorar a pele e o cabelo das mulheres, além de inibir a ovulação. Por isso, ela á muito prescrita a pacientes que sofrem de síndrome do ovário policístico, por exemplo, já que essa condição faz com que a paciente seja mais propensa a ter muitas espinhas, disse ao site de VEJA Mário Martinez, chefe da equipe de ginecologia e obstetrícia do Hospital São Luiz, em São Paulo.De acordo com Martinez, todos os anticoncepcionais, principalmente os contraceptivos via oral, apresentam um risco de trombose - uns mais, outros menos. Por isso, é preciso que a paciente converse com o médico antes de escolher qual anticoncepcional irá utilizar. Assim, o ginecologista conseguirá avaliar se ela faz parte do grupo de risco de trombose. Mulheres que fumam ou que têm histórico do problema na família, por exemplo, devem optar por outro método, disse o médico. No entanto, segundo o ginecologista, pacientes com baixo ou nenhum risco de trombose que fazem uso da Diane 35 não devem se preocupar - mas o ideal é que esclareçam suas dúvidas com um médico.Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que está acompanhando o caso para avaliar quais medidas devem ser tomadas. Ainda de acordo com a agência brasileira, o sistema de notificações da Anvisa não recebeu relatos de médicos sobre problemas associados ao uso da Diane 35. No Brasil, a bula do medicamento já traz alertas referentes ao risco de trombose arterial ou venoso por conta do uso do produto, informou o órgão.
Após confirmar mortes ligadas à pílula, França suspende vendas da Diane 35
Redação, VEJA
07/01/2016 às 02:00 •