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Caminhando pelo país há 25 anos, peregrino passa por MS na volta ao lar

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(Foto: Divulgação)
Com a Santa em mãos, Antônio segue viagem para o lar Andando mais de 60 km por dia e visitando Igrejas Católicas nas cidades por onde passou, Antônio Pereira, de 71 anos, deixou a esposa e dois filhos em Porto Velho (Rondônia) para cumprir uma promessa feita à Nossa Senhora Aparecida há 25 anos quando se curou de um câncer. A promessa foi cumprida no final de 2016 e, hoje, o peregrino passou por Campo Grande onde segue o caminho para a casa.Quando foi diagnosticado pela doença, o homem, na época com 45 anos, foi desacreditado pelos médicos. Amparado pela fé, o homem fez promessa à Santa de que, se fosse curado, iria até o santuário no interior de São Paulo a pé.“O tumor surgiu na garganta e estava tão avançado, que chegou a atingir minha visão. Estava ficando cego e fiz a promessa. Pouco tempo depois o câncer desapareceu”, relatou o trabalhador rural à reportagem.A jornada começou no dia 15 de janeiro de 1991 e, durante os 25 anos de caminhada, o contato com a família era apenas por fax e raros telefonemas. Para ajudar o peregrino, católicos e até artistas ajudaram em sua meta.“Muitos desconhecidos me ajudam com comida, dinheiro e hospedagem. E onde eu vou, sempre recebo ajuda. Até artistas da televisão me ajudaram”, recorda. Personalidades como Hebe Camargo, Luciano Huck, Mamonas Assassinas e familiares de Ayrton Senna, além de duplas sertanejas auxiliaram Pereira no decorrer do seu destino.Com números gravados na memória, Antônio detalha que durante o tempo que passou caminhando pelo Brasil, foram exatamente 31 bonés, 31 mochilas e 64 pares de sapatos usados no trajeto, além de conhecer 617 padres e 10 bispos.IMPREVISTOSMas não foi só coisas boas que marcaram sua jornada. O idoso relembra o episódio em que foi espancado por assaltante quando passava por uma cidade em Goiás. “Como eu sempre precisei de ajuda, eu aparecia na televisão, aí um ladrão me conheceu na rua e disse que eu tinha dinheiro e era pra passar pra ele. Eu disse que não tinha, mas ele não se importou e me bateu”, conta o peregrino, relembrando o episódio em que teve parte dos dentes inferiores danificados.“Eu já sofri 23 assaltos, mas em compensação 31 mil pessoas já me ajudaram”, afirma do homem.Para “render” o trajeto, ele conta que não deixa de andar a noite às margens das rodovias e pontua que certa vez foi picado por uma cobra. “Não dava para enxergar direito, eu só senti que ela [cobra] me atacou. Não foi nada de mais, relatou à reportagem.SAÚDEDepois de se curar do câncer e iniciar a peregrinação, Pereira passou poucas vezes por especialistas médicos. Sinais do tumor nunca mais apareceram, mas ele descreve que teve apenas alterações na pressão arterial.Eu tive pressão alta e tomei remédio por algum tempo. Quando chegar em casa eu vou retornar ao médico e cuidar da saúde, disse, ansioso para chegar ao lar.VOLTA PARA CASAAs dificuldades foram aparentes para Antônio desde o início da jornada e, mesmo com promessa cumprida, com a possibilidade de retornar para a casa, seja de ônibus ou avião, o idoso prefere retornar ao lar do mesmo modo que iniciou o trajeto. Caminhando.Antônio pisou em Mato Grosso do Sul semana passada e já passou por Nova Andradina, Dourados, Rio Brilhante, Nova Alvorada do Sul e, hoje, chegou a Campo Grande. Ele conta que ontem estava no Distrito de Anhanduí e caminhou por 15 horas até chegar à Capital do Estado.Antônio seguirá viagem para Rondônia amanhã às 14h, enquanto isso, recupera as energias em hospedagem no Hotel Nacional, em Campo Grande. Vontade de rever a esposa e os filhos, hoje com 35 anos, é a nova missão de Antônio.Só penso em voltar pra casa e cuidar da nossa fazenda. Tenho muita saudade da minha família, finalizou.(Correio do Estado)