Quando o biólogo Caio Fernando Ramalho de Oliveira inscreveu a startup Oncolytic no projeto Centelha, iniciativa da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), órgão vinculado à Semagro, em parceria com a Finep e Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, não imaginava que a iniciativa chegaria ao segundo lugar e ganharia destaque na competição que envolveu 2 mil ideias inovadoras.Para Oliveira, que é formado pela UFMS e possui doutorado em bioquímica pela Unicamp, a proposta enviada poderá mudar a vida de pessoas com câncer, no tratamento da doença. Ele é sócio fundador da Oncolytic medicamentos anticâncer, startup de base tecnológica voltada a este setor da saúde, que envolve a participação de 10 pesquisadores da área. “Foi uma surpresa muito boa, pois deu muita credibilidade à nossa proposta”, comemora.Segundo o pesquisador, tudo começou com as suas atividades de pesquisa, o desenvolvimento de novos medicamentos com atividades antimicrobianas. “Em 2015, iniciei minha pesquisa em Campo Grande. Em 2018, dei continuidade aos meus projetos de estudo na UFGD, em Dourados. As moléculas que nós desenhamos apresentavam atividades anticâncer, ou seja, quando nós fizemos os testes no laboratório, nós vimos que elas [moléculas] tinham capacidade de matar células cancerígenas de forma seletiva, não afetando a viabilidade de células humanas saudáveis. A seletividade é um enorme diferencial em relação aos quimioterápicos que temos no mercado hoje porque um quimioterápico não consegue diferenciar uma célula saudável de uma célula cancerígena. É por isso que hoje os pacientes sofrem com tantos efeitos colaterais”.Atualmente, a Oncolytic desenvolve pesquisa básica, desenvolvendo os seus primeiros protótipos de medicamentos. “Nós estamos desenhando, aprimorando, para que um dia eles possam chegar ao mercado e aí sim contribuir com a qualidade de vida de quem passa por um tratamento contra o câncer. A nossa proposta é desenvolver moléculas capazes de estimular o sistema imunológico do paciente. O nosso medicamento promoverá um tipo bastante particular de morte nas células cancerígenas. Esse processo de morte é capaz de “alertar” o sistema imunológico do paciente, que passará a reconhecer e a atacar o tumor. Como resultado, o paciente irá adquirir memória imunológica, ou seja, caso existam metástases distantes do tumor primário, estas metástases serão atacadas pelo sistema imunológico do próprio paciente, sem que haja a necessidade de novos ciclos de quimio ou radioterapia. Isso promove inúmeros benefícios na qualidade de vida de um paciente, será uma revolução na forma que tratamos o câncer”.O sócio fundador da startup declara, ainda: “Nossa proposta é desenvolver esses medicamentos aqui no Mato Grosso do Sul, com tecnologia nacional, e colocar isso no mercado internacional. É apenas com investimento em novas tecnologias que podemos contribuir com o desenvolvimento de nosso país. É louvável ver como a parceria entre os governos Federal e Estadual entende e incentiva o empreendedorismo inovador!”.O Centelha MS teve como objetivo selecionar ideias inovadoras de startups e empresas iniciantes no Estado. Participaram da seleção, novos empreendedores de 34 municípios de Mato Grosso do Sul, tendo 564 propostas cadastradas para avaliação. Após um longo processo de seleção, as 30 melhores ideias finalmente assinaram seus Termos de Outorga e receberam as primeiras parcelas dos recursos. Cada empresa inovadora receberá até 60 mil reais em subvenção econômica para transformar sua ideia inovadora em um negócio de sucesso.“O Centelha em Mato Grosso do Sul é sucesso absoluto, e claro que não poderíamos ficar de fora de sua segunda edição. Fundect, Semagro e Governo do Estado de Mato Grosso do Sul já estão trabalhando arduamente para garantir um aporte ainda maior de recursos para esta edição do Programa”, afirmou o diretor-presidente da Fundect, Márcio Pereira, ressaltando que Mato Grosso do Sul já está confirmado na segunda edição do Programa Centelha.
Centelha MS: empresa inova ao desenvolver medicamentos para tratamento de câncer
Redação, Subcom
15/09/2020 às 03:00 •