No retorno às aulas, os alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino) estão migrando para rede estadual para não perder o ano letivo. Muitos mudaram ainda no final do segundo bimestre e conseguiram adaptação após realizarem as provas bimestrais na nova escola para regularizar o boletim escolar. A Escola Estadual José Antonio Pereira, localizada no Bairro Taveirópolis, recebeu pelo menos 15 estudantes ao fim do primeiro semestre deste ano, distribuídos do 5º ao 9º ano do ensino fundamental.Foram os casos das aluna Izem Emanuela e Marcela Monteiro, ambas de 14 anos, que estudavam no 9º ano da Escola Municipal Dr. Tertuliano Meireles, na Vila Anaí (Bairro Caiçara), e ainda no mês de junho se transferiram para rede estadual. “Fiquei preocupada em perder o ano e prejudicar minha entrada no ensino médio em 2016. Por isso, preferi mudar de escola”, explicou Izem.Marcela também chegou na escola José Antonio Pereira na mesma época que a colega e agora estudam na mesma sala. Segundo elas, o início foi bastante corrido, uma vez que chegaram na escola bem na semana de provas bimestrais. “Tivemos que estudar muito, mas conseguimos tirar notas acima da média para fecharmos o bimestre”, comentou ela.Sobre o futuro na escola nova, elas disseram que até o final do ano é certo ficarem na José Antonio Pereira, considerando que elas moram mais perta da escola municipal. A distância entre as duas escolas fica em torno de mil metros. “Vamos fazer de tudo para que elas fiquem conosco. Aqui temos professores com mestrado e doutorado e são muito dedicados. É a melhor escola da região. Até o final do ano as meninas vão decicir ficar, tenho certeza”, declarou a diretora Cleide de Moraes, que está na escola há oito anos.Com cerca de 500 alunos, a Escola José Antonio Pereira oferecem o ensino do 5º ao 9º ano do ensino fundamental, de manhã e à tarde; do 1º ao 3º ano do ensino médio, à tarde e à noite; além de turmas de cursinho pré-vestibular, no noturno. Ainda assim, existem muitas salas ociosas, que foram fechadas no período do governo anterior que fez a política de fechar as séries iniciais do ensino fundamental.A coordenadora Silvana Wiggers disse que todos os alunos que chegaram são bastante interessados e estão se dedicando muito para acompanhar as novas turmas. “Eles pegaram matérias com os colegas e estudaram para as provas, conseguindo ficar acima da média. Não tenho dúvida que vão se adaptar rápido”, contou.Para a secretária de Estado da Educação, Maria Cecília da Mota, as escolas estaduais estão de portas abertas para os alunos que preferirem mudar. Ela ainda não tem um número em função do segundo semestre estar iniciando hoje, mas já soube que muitos alunos estão migrando para a rede estadual. “A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) permite que possamos regulizar a situação dos alunos que não têm notas do bimestre passado. Vamos encaminhar essas informações às escolas com os procedimentos a serem realizados para a regularização desses novos alunos”, afirmou ela, acrescentando que isso vai poder dar mais tranquilidade aos pais que têm filhos em escolas municipais que permanecem em greve.Greve – Na Escola Municipal Dr. Tertuliano Meirelles, que, no início da greve dos professores chegou a adesão de 99% dos profissionais, hoje tem apenas algumas turmas sem aulas. Nos 1º e 5º anos, da manhã e tarde, e no 9º ano da tarde, os educadores continuam na greve, sem previsão de voltar às aulas. Com cerca de 1.050 estudantes, a escola menos de cinco turmas paralisadas. A diretora e funcionários não puderam falar com a reportagem por recomendação da Semed (Secretaria Municipal de Educação.Na frente da escola, uma atendente informa aos pais quais turmas estão com aulas normais e quais não. Alguns pais ficam aliviados ao deixarem as crianças e outros revoltados por terem que voltar com o filho pra casa mais uma vez. Foi o caso de Nilceia de Castro, 35 anos, que levou o filho Alisson, 6 anos, que estuda no primeiro ano do ensino fundamental. Ela ficou muito chateada com o fato de ter que retornar pra casa com o pequeno. “Ele estava faceiro para vir à escola e chega aqui e nada. Isso é revoltante. É um descaso das autoridades. Até quando vamos ter que suportar isso”, declarou.Além das autoridades, Nilceia Castro também disse que os professores que estão em greve deveriam pensar também no prejuízo que estão causando aos alunos que estão “em casa há mais de dois meses sem ir para a escola.”Já Sergio Stropp, 40 anos, que tem um filho no 2º ano do ensino fundamental, estava aliviado com o fato de o menino ter ficado na escola, depois do período de greve. “Antes das férias meu filho estava sem aulas e hoje fiquei na dúvida se o trazia ou não, mas dei sorte e a turma dele começou as aulas. Agora é esperar que continue a normalidade para evitar maior prejuízo”, comentou.Os professores da Reme decidiram ontem, em assembleia realizada, na sede da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) permanecerem em greve até que a Prefeitura cumpra a Lei Municipal 5.411/2014. No primeiro semestre, a paralisação foi suspensa depois de 47 dias, a mais longa paralisação da categoria na história da Capital, por conta do período de férias.Os professores rejeitaram a nova proposta da prefeitura, que previa reajuste de 8,5% em 10 vezes e condicionava o aumento à redução no gasto com pessoal. Segundo o presidente da entidade, Geraldo Alves Gonçalves, a proposta do município piorou em relação a anterior, porque não prevê a retomada da negociação em outubro para o 4,5% restantes e ainda condiciona o reajuste ao gasto com a folha ficar abaixo do limite prudencial de 51,3% da receita, conforme prevê a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).