Se engana quem pensa que as crianças nessa época do ano só pensam em brinquedos e que esses são os únicos pedidos que chegam ao Papai Noel. Há nove anos trabalhando como o “bom velhinho” em um Shopping em Campo Grande, com barba e cabelos naturais, o proprietário de um bar no Bairro Cabreúva Roberto Ribeiro de Oliveira, de 62 anos, relembra a maturidade da criançada na hora do pedido, que muitas vezes o já o fez segurar as lágrimas diante dos pais. Entre eles, um pedido especial de uma menina com câncer.Roberto conta que há duas semanas atrás, viveu umas das maiores emoções da sua vida. Sobre os braços do pai, uma menina com idade entre 13 e 15 anos chegou para tirar foto com ele no shopping. De longe, Roberto percebeu que uma situação diferente. Surgia ali e que um pedido especial estava guardado com a menina há tempos para ser confidenciado ao Papai Noel.“Quando o pai chegou e colocou ela no meu colo, ela me abraçou forte me beijou. A gente espera que eles vão pedir brinquedos e roupas, mas quantas vezes eu já fui surpreendido pela maturidade dessas crianças? Desta vez eu demorei uma semana para superar o pedido feito por ela e conseguir contar para minha esposa”, comentou com os olhos cheios de lágrimas ao relembrar do pedido realizado pela menina.Durante conversa com ele, a menina explicou que tinha câncer nas pernas e que no natal deste ano não faria questão de brinquedos. “Papai Noel não quero ganhar presente nenhum. Queria apenas que o papai do céu devolvesse minhas pernas”.“A gente é obrigado a ser forte para não chorar no momento, porque eles confiam em nós. Mas vê-la pedindo isso em meio a tantos pedidos que poderiam ser feitos, e seus pais ali emocionados, fica difícil”.Roberto conta que os pedidos que ele não pode, teoricamente realizar, ele entrega a Deus, pois sua fé “é gigante. Eu falei para ela você vai fazer uma coisa. Em todas suas orações você vai pedir diretamente a Deus e confiar, pois só ele pode ouvir você e realizar o que quer”.Com tantos anos na profissão o comerciante coleciona histórias que, segundo ele, moldaram sua maneira de ver a vida. Um garoto, de seis anos de idade o fez relembrar um momento complicado. Depois de ver os pais se separando, o menino decidiu por trocar o pedido, que seria brinquedos pela reconciliação dos dois. Ele chegou até a mim e falou que não queria brinquedos ou roupas. Queria o pai novamente em casa para continuar a ser feliz. Ele falou exatamente assim. E como eu já passei por isso, de ver o meu filho deixando minha casa para ir morar com a mãe foi bem significativo para mim. Todos esses anos como profissional, o comerciante que estava acostumado a lidar somente com adultos em seu bar, sem muitas emoções no dia a dia, ao optar há nove anos atrás por ser confidente dessas crianças teve de preparar o emocional e ser um verdadeiro conselheiro. “Uma das funções mais gratificantes já destinada na minha vida.Eu digo as pessoas se algum dia quiserem se aventurar, não precisa de muito. Veste uma roupa de Papai Noel e você vai viver os melhores ensinamentos da vida, porque ser conselheiro dessas crianças é uma coisa incrível e ainda tem gente que não calcula o quanto a figura do Papai Noel é representativa para a criança”.