Publicado em 31/10/2017 às 02:00,

Crianças com diabetes podem contar com novo medicamento

Redação, Blog da Saúde
Cb image default
(Foto: Divulgação)
Com apenas quatro anos, Maria Luiza Almeida apresentou os primeiros sintomas que indicariam a doença crônica que mais atinge crianças, o diabetes tipo I. Um xixi na varanda de casa com aspecto melado foi um sinal da doença.Eu pisei no chão e parecia garapa de açúcar, um suco bem doce quando derrama no chão e fica melado.Além disso, tinha muitas formigas em volta, relembra a mãe de Maria, Samara Carla, diretora da Farmácia Básica do Município de São Domingos no sertão da Paraíba.Trabalhadora da área de saúde, a técnica percebeu que alguma coisa não estava correta. Fui com ela ao posto da Saúde da Família e logo ele pediu um teste de glicemia, comenta.Após o resultado do exame, com a taxa de glicemia igual a 400 mg/dL, valor acima do nível considerado normal, que é de no máximo 99mg/dL, Maria Luiza ficou internada até que todas as taxas fossem estabilizadas.Ao ser encaminhada para internação, o outro sintoma que chamou muito atenção da Samara foi à sonolência.Quando ela foi encaminhada para fazer o exame e para internação, ela só queria saber de dormir e dormir, isso também me assustou, disse a técnica.Hoje, com nove anos, Maria entende sua situação e sabe exatamente os medicamentos que deve tomar e que a sua alimentação deve ser restrita e regrada.Ela é uma boa menina, não sofre por não comer doce nas festinhas e sabe os horários de tomar a medicação, relata a mãe.O que é diabetesO diabetes é uma doença do metabolismo causada pela falta de insulina, que para de ser produzida pelo pâncreas.Isso interfere na queima do açúcar e na sua transformação em outras substâncias, como proteínas, músculos e gorduras.A doença crônica possui vários tipos. O diabetes tipo I, embora ocorra em qualquer idade, é mais comum ser diagnosticado em crianças.Este tipo acontece quando a produção de insulina do pâncreas é insuficiente, pois suas células sofrem de destruição autoimune.O pâncreas perde a capacidade de produzir insulina em decorrência de um defeito do sistema imunológico, fazendo com que nossos anticorpos ataquem as células que produzem esse hormônio.Segundo o diretor de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Renato Alves Teixeira, ficar atento aos sinais é fundamental para que o paciente tenha atendimento necessário e não chegue ao nível crítico.Os pais devem ficar atentos quando as crianças derem sinais de emagrecimento sem motivos aparentes, apresentem excesso de suor, crises de desmaios, tonturas e uma frequência urinária maior do que o normal. Esses são os sintomas de um diabetes de fase avançada e sem controle, ressalta.Outro alerta é para pais que são diabéticos fazerem exames nos filhos para avaliar se há uma hereditariedade.MedicaçãoSensível à progressão da diabetes no país, e aos danos causados por essa doença, principalmente em crianças, tomamos essa atitude inovadora de colocar uma insulina que é o melhor tratamento disponível, destaca o diretor Renato Alves.Confirmado o quadro de diabetes tipo I, Maria é acompanhada por uma endocrinologista pediátrica e consegue os medicamentos pelo SUS.Eu pego sempre as insulinas da minha filha no posto de saúde. Isso me ajuda muito, relata Samara. Com o novo investimento do Ministério da Saúde, a partir de agora Maria Luiza e outras crianças portadoras de diabetes tipo I terão à disposição no SUS um dos mais modernos medicamentos para o tratamento da doença: a insulina análoga.Estudos apontaram que insulina análoga proporciona um melhor controle glicêmico nos sintomas relacionados à hiperglicemia e diminuição das complicações agudas e crônicas decorrentes do diabetes.Outra notícia boa é que para todos que já usam seringa para aplicação dos medicamentos poderão utilizar as canetas.Vamos mandar de forma progressiva, aos poucos os municípios receberão o produto é de fácil aplicação, sua embalagem é uma caneta, resposta rápida e com doses que podem ser adaptadas a situação do paciente, destacou Renato Alves.Diabetes no BrasilAtualmente, o diabetes atinge 8,9% da população adulta do Brasil, de acordo com o sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel) 2016. Desde 2006, o índice cresceu 61,8%, tendo maior prevalência nas mulheres.O avanço das doenças crônicas no país preocupa, já que são consideradas um sério problema de saúde pública, sendo responsáveis por 63% das mortes no mundo, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, o diabetes são a causa de 72,6% dos óbitos.O Ministério da Saúde dispõe de linha de cuidado para Diabetes mellitos, com o objetivo de controlar a glicemia e desenvolver o autocuidado nos pacientes. Parte da estratégia inclui a prescrição de insulinas em esquema intensivo.Para tratamento do DM1, estão à disposição no SUS, entre outros medicamentos, as insulinas humanas NPH - para a manutenção da glicemia - e a insulina humana regular (de ação rápida), a ser administrada cerca de 30 minutos antes das refeições.Esses produtos estão disponíveis nas unidades de saúde ou por meio do Aqui Tem Farmácia Popular, que está presente em mais de 4 mil municípios.Por meio deste programa, em 2016, mais de 6,2 milhões de pacientes buscaram medicamentos gratuitos para diabetes. Esse número é mais que o dobro do total beneficiado em 2011 (2,6 milhões).