Buscar

De alta, mãe de quíntuplos desabafa: um dia de cada vez

Cb image default
(Foto: Divulgação)
O aviso de pauta não é dos mais tradicionais: chamava para a “entrevista coletiva com a mãe dos bebês do hospital Sepaco”, zona sul de São Paulo. Que bebês? Os cinco – isso mesmo, cinco recém-nascidos – do casal Karina Barreira, 35 anos, e João José Biagi, de 36, de Santos, litoral sul paulista. Entre os jornalistas, o comportamento e as perguntas também são pouco tradicionais ante a aparente sisudez do dia a dia: “qual a personalidade dos bebês?”, ou “já sabem distinguir um do outro”, ou “quem mais se assustou com a notícia” são algumas das questões reveladoras de que, não, ninguém ali estava diante de mais um caso como qualquer outro que tivesse visto. Nem os médicos.Apesar da delicadeza do tema – prematuros, os cinco bebês seguem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do hospital –, o motivo da coletiva era até feliz: Karina recebeu alta após mais de 40 dias internada na instituição. Chegou em 10 de março e teve os filhos no dia 13 de abril. Ainda em processo de desenvolvimento e ganho de peso, os pequenos ficarão mais dois meses na UTI até serem liberados para a família.O superintende do hospital, o médico Linus Pauling Fascina: Nunca ais vou ver um caso tão raro, estou certo dissoKarina usa cinco pulseiras que dão acesso à UTI. Diz que ainda não pensou em como será quando as crianças forem para casa – a princípio, ficará na casa de uma irmã, em São Paulo, enquanto o marido voltará para Santos para procurar trabalho. De acordo com ele, foi preciso se desvincular do emprego antigo para “blindar, proteger” a mulher do assédio externo – afinal, uma gravidez de quíntuplos acontece uma vez a cada 40 milhões de gestações. No Brasil, nos últimos 100 anos, foram no máximo quatro casos registrados.“Em uma cirurgia obstétrica normal, dispomos de uma equipe de até seis profissionais; na da Karina, foram 34, contando os que estavam de sobreaviso”, admitiu o superintendente do hospital, o médico Linus Pauling Fascina. De acordo com ele, os bebês evoluem bem – especialmente a menorzinha, de 29 cm e 0,595 kg.  “A baixinha é a mais guerreira na evolução, impressionante, mas o prognóstico dos cinco é muito bom; chegamos a fazer duas simulações desse parto, com nossas equipes, e nossa política de  contato dos pais com os filhos pôde ser mantida, com os cuidados necessários”, destacou Fascina.Quanto aos pais, eles garantem que solidariedade não tem faltado – mas nunca é demais. “Vamos receber fraldas da [fabricante de fraldas] Pampers durante os 12 primeiros meses, e, pelas minhas contas, gastaremos uma média de 18 mil fraldas ao ano com todos os cinco”, disse Biagi. Quanto às demais mudanças na vida da família, admitiu: “Acho que a ficha só vai cair, eu só vou começar mesmo a pensar nisso quando chegar a Santos”, definiu.Quanto à mãe, o número de filhos foi encarado como “presente simbólico”. “O cinco é nosso número da sorte: estamos juntos há 15 anos, tínhamos ambos 35 anos quando fiquei grávida e tentamos durante cinco anos ter filhos”, disse, ela que chegou a fazer tratamento hormonal. Quando veio a descoberta, por sinal, eram três filhos. “Inicialmente o médico me disse que eram três, ficamos felizes, aí, no ultrassom, ele disse que tinha ‘novidades’. Eram mais dois”, riu.Karina conta que engordou apenas 9 kg durante a gestação dos quíntuplos – desde que nasceram, perdeu 10kg. Os 43 dias que passou no hospital, jura, foram de confinação absoluta. “Não tenho ideia do que está acontecendo lá fora, não li e não vi nada além da minha rotina de hospital. Mas olho meus filhos e fico impressionada de como tudo é perfeito... quando os vi pela primeira vez, juntos, pensei: ‘nossa, como são pequeninhos’, porque, mesmo na incubadora, dá para passar a mão dos pés à cabeça – são tão quentinhos!”, derrete-se. “Acredito que a missão está cumprida. Agora, é viver um dia de cada vez”, definiu a mãe.Santista, Biagi jura que não insistirá para os filhos torcerem para seu time – nem para o da mãe, são-paulina. “Se fosse assim, por influência de um tio meu, eu seria corintiano”, explicou.Já a escolha dos nomes considerou um critério básico: simplicidade. Único homem do grupo, Arthur foi também o primogênito (e maior, com 1,185 kg e 34cm as irmãs são as gêmeas Gabriela e Giulia (a menorzinha, com 0,595kg e 29cm), além de Laís e Melissa. “Escolhemos nomes bonitos e simples, nada de letra dobrada e Ys”, disse a mãe. “E nada de nome combinando igual dupla sertaneja”, complementou o pai.Quem mais se assustou com a notícia dos cinco bebês, meses atrás?  “Minha mãe. Contei para ela que não seriam mais dois bebês aos três que sabíamos, e ela achou que seriam “apenas dois”. Quando expliquei que eram cinco, ela se sentou, pegou o ultrassom, se sentou e disse: ‘Mas isso é um fenômeno!’. Mesmo assim, só foi acreditar quando contaram isso para ela no hospital – com os cinco na UTI”, lembra Biagi.Os pais estão com uma campanha de arrecadação de fraldas e roupinhas por meio de uma página no Facebook, a “ Quíntuplos da Karina ”. Em breve, lançarão também um site – já que leite, num futuro não muito distante, terá de ser a nova ajuda de que precisarão. A mãe, já avisou a equipe médica, não conseguirá produzir o suficiente para os cinco bebês e necessitará de complemento