Publicado em 26/08/2016 às 03:00,

De queijo a licor, derivados do leite podem ser importantes aliados no orçamento familiar rural

Redação, Assessoria
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(Foto: Divulgação)
A cozinha virou sala de aula, as panelas tomaram forma de lousas e as anotações eram feitas não com lápis ou canetas, mas através de colheres que em mãos esforçadas aplicavam todo o ensinamento do curso de como transformar o leite, ordenhado, em deliciosos produtos que agradem o paladar de gente do campo e da cidade.Foi desse jeito saboroso e dinâmico que doze agricultoras familiares aprenderam no curso de “Derivados do Leite”, ministrado nesta quinta-feira (25), por técnicos da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), as técnicas adequadas para fazer o simples liquido tomar forma de queijo, requeijão, leite condensado, doce de leite, iogurte, achocolate e até mesmo uma inusitada bebida alcoólica, o licor de leite.O curso, ministrado nas dependências da Acrissul, foi inserido na programação da ExpoMS 2016. Evento que segue até o dia 05 de setembro.Para a produtora Cleonice Pinto, o conteúdo aprendido servirá de estimulo para tirar um sonho antigo da gaveta: o de montar uma agroindústria familiar. “Tenho essa vontade comigo de um dia ter a minha funcionando. Não é algo barato, mas a gente espera em um dia ter. Por enquanto, o que aprendi servirá para economia de casa, já que vou fazer o que a gente vai comer. Mas o curso já é o primeiro passo”, afirmou à senhora que vive no assentamento Estrela Campo Grande, situado a 28 quilômetros da Capital.Sem experiência nenhuma no leite, porém, com aptidão para cozinhar, a jovem Eliza Teodolina, da comunidade quilombola Chácara Buriti, também faz planos a partir da capacitação. “Gosto de mexer com culinária. O forte, em nossa comunidade, é a verdura. Mas o que aprendi aqui serve para a gente gastar menos. Em setembro, vamos ter uma festa na comunidade. Então, compensa comprar leite e fazer os queijos e as outras coisas para os aniversários, eventos e até as refeições das famílias”, avaliou.Durante a aula as mulheres aprendem do básico as curiosidades que rolam por aí. Desde a preparar um queijo tradicional até as delícias que ensinadas na internet, como um saboroso queijo a Romeu e Julieta. “Pesquisamos uma receita de queijo recheado com goiabada. Fizemos e deu certo. Trouxemos a ideia para as alunas e elas gostaram”, contou a técnica da Agraer, Cleonice de Fátima Jacomele.A cartela de produtos, no curso, incluiu outros itens saborosos como o queijo que é composto por azeitona preta e condimentos no meio da massa. Um derivado do leite que cai bem como aperitivo nos dias de calor e churrascos de fim de semana.Para o presidente da Acrissul, Jonathan Barbosa, que prestigiou a degustação, o curso é uma excelente alternativa de aumento de renda aos núcleos familiares rurais. “Não é justo o leite valer menos que a garrafinha de água. O leite começa com a criança e termina no adulto. Ter essa prática aqui é interessante, porque ensina bons caminhos de agregação de valor ao leite”, disse.Ouro brancoCarro chefe de mais da metade dos agricultores familiares de Mato Grosso do Sul, o leite é também um dos pontos estratégicos de fomento do governo do Estado. “Estima-se que a nossa produção de leite, entre grandes e pequenos produtores, seja de 1,4 milhão de litros diários. É interesse do governo do Estado promover um crescimento de 10% ao ano até chegarmos aos dois milhões. Isso através de melhoramento de genética, aquisição de bons animais, serviços de assistência técnica e extensão rural e acesso ao conhecimento”, informou o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini.Na área urbana um queijo frescal, de 800 gramas, pode variar no mercado de R$ 20 a 25 na cidade. Um requeijão cremoso caseiro, de bom peso, pode até chegar aos R$ 30,00. Valor diferenciado por ser muito saboroso e mais saudável, uma vez que não passa por inúmeros processos químicos como dos produtos industrializados.Apesar de um queijo demandar muito leite para ficar no padrão exigido, o retorno é satisfatório, justifica a técnica da Agraer.  “Com a certificação adequada é possível vender os queijos, na cidade, por um bom preço e isso complementa a renda”, explicou Cleonice Jacomele.