Alunos sem internet podem acessar sistema na escola Em testes desde o ano passado, a plataforma Google Sala de Aula será o meio pelo qual a Rede Estadual de Ensino (REE) de Mato Grosso do Sul vai garantir as atividades aos 210 mil alunos, em meio à pandemia da Covid-19 – doença causada pelo novo coronavírus. E após a crise, a ferramenta pode ser aliada dos professores para expandir a possibilidade de testar o conhecimento dos alunos.“Há a possibilidade de se aplicar atividades complementares e lançar tarefas de casa”, frisou Paulo Cezar Rodrigues, superintendente de informação e tecnologia da Secretaria de Estado de Educação (SED).A implantação do sistema na REE não terá custo ao governo do Estado, garante o superintendente.O programa foi viabilizado por meio de uma parceria com o Google. Desde o ano passado, duas escolas do interior já usavam a plataforma, e a pandemia forçou a SED a adotar a ferramenta.“É extremamente dinâmica tanto para o professor quanto para os alunos, pois permite que sejam aplicadas atividades síncronas e assíncronas. Estarão todos em uma sala virtual, podendo haver interações entre professores e alunos e entre os próprios alunos e toda a dinâmica de uma sala de aula física”, explicou Rodrigues.Assim, em caso de dúvida, o aluno pode executar as atividades no horário de aula, procurando o professor por meio do recurso de chat do Sala de Aula, ou realizá-las em outro período. Além de todos os 210 mil alunos, 15 mil professores terão acesso à plataforma.Os estudantes podem usar dispositivos como computador ou smartphone. Quem não tem acesso à internet deve procurar sua escola para executar as atividades nas salas de tecnologia educacional ou solicitar a impressão dos cadernos e levar para casa. A orientação é telefonar para a unidade e agendar um horário para ambas as situações.Por enquanto, não serão aplicadas provas. “Aguardamos orientação do Conselho Nacional de Educação”, destacou o superintendente, esclarecendo que uma nota técnica vai orientar as escolas como proceder nessa situação.No retorno, alunos em defasagem vão passar por recuperação paralela às aulas para solucionar dificuldades que tenham durante a suspensão. Desde 23 de março, a rede está operando das casas de docentes e de estudantes.PREOCUPAÇÃOPara o presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira, a iniciativa é positiva, mas a entidade não quer que o sistema se torne o padrão da REE. “Somos favoráveis ao ensino presencial e contra seja qual for o tipo de ensino a distância na Educação Básica. As famílias têm realidades diferentes, nem todas têm acesso a essa tecnologia, tampouco conteúdo ”.As férias serão antecipadas de julho para maio, situação definida ontem em reunião entre a SED e a Fetems. “Na primeira quinzena vão decidir se será antecipação do recesso do meio do ano ou simplesmente a prorrogação das aulas remotas. Até dia 19 de maio não haverá aula. Não é uma decisão só da secretária de Educação”, disse Teixeira.O presidente do Conselho de Diretores das Escolas de Campo Grande (Condec), Leandro Colombo, confirmou que entre 4 e 18 de maio serão antecipadas as férias, e o retorno das aulas presenciais não está confirmado no dia 19 para os alunos da REE. “As férias mesmo agora vão ser antecipadas. Aí provavelmente volta continuando com EAD [aulas não presenciais], mas nada foi publicado. O que está garantido é que as férias vão ser de 4 a 18 de maio”, afirmou.COMPROMISSOPara o doutor em Educação e especialista em Ensino a Distância Jeferson Pistori, esse momento em que os alunos estão estudando em casa serve para dar autonomia e responsabilidade. “O aluno precisa se adaptar. Precisa ter um espaço adequado para os estudos e roteirizar seu dia a dia”, explicou o docente, que é diretor de Educação a Distância da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).As primeiras semanas podem ser difíceis tanto para o professor como para o estudante. “Tem de ter um cuidado com a capacitação do professor. E esse primeiro contato precisa de acompanhamento da equipe pedagógica, porque o aluno pode abandonar ou gostar da plataforma”, pontuou.O acompanhamento da família é primordial, mesmo para os pais que normalmente não participam da rotina escolar. “Principalmente nos anos iniciais, é preciso criar uma rotina e acompanhar de perto. Os pais precisam encontrar tempo, mesmo que seja 30 minutos por dia para ver se as tarefas estão sendo feitas”, finalizou.
Ensino básico à distância deve ser expandido após pandemia
Redação, Correio do Estado
23/04/2020 às 03:00 •