A infecção pelo vírus da zika desencadeia nas células do cérebro humano em formação uma resposta imune que as leva à autodestruição. A descoberta foi feita por cientistas da Universidade da Califórnia (UC), em San Diego (Estados Unidos), e publicada na revista científica Cell.De acordo com os autores do artigo, a morte das células-tronco cerebrais após a infecção é associada aos casos de microcefalia causados pelo vírus. Bloquear a resposta imune inata das células-tronco cerebrais pode ser uma alternativa para que elas sobrevivam à infecção, reduzindo a possibilidade de ocorrência da má-formação.Para realizar o estudo, os pesquisadores utilizaram organoides cerebrais, popularmente conhecidos como minicérebros. Os organoides são estruturas de tecido cerebral cultivadas em laboratório para mimetizar o órgão em formação e estudar como ele reage às infecções.Segundo os cientistas, o vírus da zika contribui para a autodestruição das células ao ativar o receptor TLR3, que desencadeia a resposta imune inata nas células cerebrais infectadas. Já se sabia que esse receptor leva as células a produzir proteínas antivirais, como uma primeira linha de defesa contra a invasão de microrganismos.O estudante de doutorado Jason Dang, que pesquisava como o TLR3 respondia à infecção por diversos vírus, percebeu a conexão quando decidiu testar os níveis de TLR3 em minicérebros infectados por zika.No início não sabíamos o quanto a evidência era forte. Ficamos animados quando constatamos que, ao inibir a produção de TLR3 nos organoides cerebrais infectados com zika, a redução de suas dimensões se tornava bem menos dramática. Eu ainda não estava convencido, então usamos um produto químico para aumentar a ativação de TLR3 e observamos que o tecido cerebral começava a encolher rapidamente, disse o autor principal do estudo, Tariq Rana, da UC.
Estudo mostra que zika leva células do cérebro à autodestruição
Redação, UOL
09/05/2016 às 03:00 •