De acordo com a Lei o ambiente deve ter o mínimo de estímulos sensoriais Uma nova opção de lazer vai mudar uma simples ida ao cinema para inúmeras famílias de crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) em Mato Grosso do Sul. Isso porque o deputado estadual Barbosinha (DEM-MS) teve a Lei nº 5.677, que obriga os cinemas a realizarem, mensalmente, sessão de cinema adaptada para esse público, sancionada no Estado. Uma conquista que vai integrar pais, mães, avós, tios, tias, crianças e muitas famílias na avaliação do fundador e presidente da AAGD - Associação de Pais e Amigos dos Autistas da Grande Dourados, Francisco Sobrinho de Brito. Pai de um menino de 17 anos com o transtorno, ele diz que esse sempre foi um grande sonho das famílias da entidade que conta com 220 famílias associadas e é presidida por Francisco e sua esposa Ana Claudia Pereira da Silva Brito que ocupa a diretoria-geral. “Vai ser o máximo tanto para eles como para nós. Ir ao cinema e assistir ao filme até o final sem que as crianças fiquem incomodadas, principalmente o som alto das salas”, detalha. A legislação ainda diz que os familiares ou acompanhantes terão acesso irrestrito à sala de exibição, podendo entrar e sair da sessão, que deve ter ambiente com o mínimo de estímulos sensoriais, sempre que necessário. O preço do ingresso deve acompanhar o praticado em outras sessões não adaptadas e o símbolo mundial do Espectro Autista deverá ser fixado na sala de exibição para melhor visualização. “Esse tipo de Lei traz um olhar diferenciado sobre o autismo. Quanto mais se divulga e se fala no assunto, mais o preconceito é ‘quebrado’ e as crianças são aceitas na sociedade. Muitas vezes as pessoas confundem as crianças autistas com crianças mal-educadas. À primeira vista, dificilmente as pessoas param para interpretar o cenário e perceber que a criança tem autismo. Ou é a falta de conhecimento ou por preconceito, por não conhecerem o autismo, que esse julgamento acontece e ir ao cinema era uma das atividades que deixávamos de fazer por não ter o ambiente adequado”, declara Francisco. O presidente ainda disse que o deputado Barbosinha teve sensibilidade e vontade de ajudar, e que isso é fundamental para muitas famílias que convivem diariamente com o transtorno. “Vivemos na pele dificuldade de atendimento, conhecimento do transtorno e nossa Associação nasceu dessa necessidade de conscientizar as pessoas e melhorar a vida de outras famílias. Queríamos ‘trocar figurinhas’. Cada um trouxe sua experiência, vivência e uma palavra amiga. Um ajudava o outro.Há 17 anos, quando meu filho nasceu, não existia nem o diagnóstico preciso, nem tratamento adequado para o transtorno”, conta Francisco sobre algumas das dificuldades enfrentadas ao longo de sua jornada de pai de autista. Sobre a importância da Lei que assegura nas sessões luzes levemente acesas, volume de som reduzido e sem a exibição de trailers e propagandas comerciais, Francisco ressalta que a diferenciação do ambiente é essencial para os autistas. “Esse é um público que se integra de forma diferente. Não tolera muito barulho, aglomerações. E proporcionar isso exclusivamente às famílias e a eles vai ser incrível. As crianças ficam muito incomodadas. É uma conquista, é um avanço e o que faltava para nós”, comemora Francisco. O deputado Barbosinha, autor da Lei, há tempos tem se mostrado sensível a causas que levam a conscientizar as pessoas e enfraquecer preconceitos. “Fizemos essa Lei com o coração, justamente pensando em dar opções a essas famílias de diversão e lazer em um ambiente aconchegante, favorável e mais confortável a experiência de ir ao cinema. É uma alternativa de entretenimento para essas pessoas, mas mais do que isso é garantia de respeito a cada cidadão que, agora, pode ir em um cinema com seu filho, sua filha e se sentir confortável, ver o filme até o final. Estou feliz em saber que nossa Lei vai ajudar muitas famílias”, finaliza o deputado Barbosinha.