Publicado em 29/01/2021 às 02:00,

Mato Grosso do Sul tem maior período de alta de casos desde o início da pandemia

Redação, Correio do Estado
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(Foto: Divulgação)
Mato Grosso do Sul está há nove semanas com registro de mais de 5 mil casos de Covid-19 a cada sete dias. Esse número elevado de episódios a cada semana epidemiológica é o maior período de elevação que o Estado viveu desde o início da pandemia.A semana que terminou no sábado (23) foi a nona em que o Estado teve mais de 5 mil casos nesta segunda onda da doença. Segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), entre o dia 17 e 23 deste mês foram contabilizados 6.241 episódios da doença em Mato Grosso do Sul.O número é um pouco menor que o demonstrado na semana anterior, quando foram 6.966 casos. Entretanto, os dados continuam mostrando que a doença permanece em seu pico no Estado, com muitos episódios registrados em um espaço curto de tempo.Esse período de nove semanas em alta representa quase o dobro de tempo que a doença se manteve com as mesmas características na primeira onda, com casos acima de 5 mil por semana. A primeira alta foi registrada entre julho e agosto e durou cinco semanas.PICONa primeira onda, porém, os números ficaram na margem dos 5 mil registros, o pico foi registrado na 35ª semana, com 6.135 casos confirmados em sete dias.Desta vez, os casos ultrapassaram, e muito, essa margem de 5 mil registros, em que o pico foi na semana 50, com 8.149 registros da doença no Estado. Durante essas nove semanas, apenas na primeira é que o somatório dos episódios ficou abaixo de 6 mil, foram 5.923 casos.Essa alta que o Estado vive teve início no começo de novembro, durou todo o mês de dezembro e ainda foi sentido neste começo de ano. Ou seja, já são quase três meses de números elevados da doença em Mato Grosso do Sul.Segundo o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, a permanência nesse platô elevado de casos pode ser explicado por conta do relaxamento das medidas de distanciamento e também ao aumento das festas, em razão do fim do ano.“Isso é reflexo das festas de fim de ano, Natal e Réveillon. São duas semanas para aumentar os casos, três para aumentar as internações e duas semanas para aumentar os óbitos, por isso ainda estamos com esse número elevado de casos e mantendo, desde o começo do ano, o valor acima de 150 mortes semanais. Por este motivo, a gente não experimentou queda ainda”, explicou.MORTESComo o pesquisador salientou, esse platô elevado também é referente ao número de mortes registradas em Mato Grosso do Sul. Conforme dados da SES, o aumento considerável de morte começou na semana 51, quando foram registrados 119 óbitos em decorrência da doença.O pico de mortes da doença ocorreu na semana seguinte, quando 175 pessoas perderam a vida por complicações da Covid-19. A semana que terminou no sábado (23) teve 134 óbitos, mantendo a toada de mais de 100 mortes a cada sete dias.“A segunda onda já é mais impactante do que a primeira, está mais grave em número de casos, mais grave em quantidade de mortes e um número maior de pacientes que estão internados”, declarou o infectologista.LEITOSA ocupação de leitos também segue alta no Estado. Desde de dezembro a média flutua entre 600 a 500 casos confirmados internados. O pico ocorreu no dia 29 de dezembro, quando 689 pacientes com o novo coronavírus ocupavam uma vaga em hospital.Conforme boletim epidemiológico do Estado divulgado ontem, 522 pessoas estavam hospitalizadas, sendo 269 em leitos clínicos (180 públicos e 89 privados) e 253 em unidades de terapia intensiva (193 públicos e 60 privados).“Estamos enfrentando uma queda de internação, espero que isso continue, e temos uma leve queda de casos confirmados por dia, mas ainda estamos em um platô elevado, com tendência a estabilização”, afirmou o pesquisador.Para o médico, apesar de o número ainda estar alto, o serviço de saúde tem dado conta. “Não chega a ser a taxa de ocupação que tinha no passado, então o serviço está dando conta ainda. Esperamos que permaneça nessa estabilidade e com tendência de queda nas internações, para que não tenhamos problemas maiores”.Nesta semana, o acumulado até ontem era de 3.159 casos e 77 mortes, faltando ainda dois dias para o fim da semana epidemiológica. Apesar de não ser um número alto e ainda faltar dados a serem contabilizados, já é possível perceber uma pequena queda nos dados.