Médicos usaram a tribuna para defender tratamento com medicamentos Um dos problemas que surgiu com a discussão sobre os tratamentos para o Covid-19, é a grande quantidade de informação na rede. Nas últimas semanas, o tema se polarizou ainda mais, com atuação de grupos de médicos defendendo medidas polêmicas, com adoção de protocolo de medicamentos.Parte da população se sente com um pé atrás porque a ciência ainda não tem uma resposta unânime. Outros se amparam em estudos não muito conclusivos para se posicionar. Em manifestação no plenário da Câmara Municipal, o médico Mauri Comparin, que defende o coquetel profilático adotado pela prefeitura de Campo Grande, usa a metáfora de um terremoto. Para ele, quando a catástrofe chega, “eu não vou esperar o engenheiro fazer os cálculos para me dizer se é seguro”. Ele explica que nos pacientes tratados em fases avançadas pela medicação sugerida, não faria efeito.Por isso, o grupo de médicos enfatiza a tentativa de fornecer subsídios para que exista a possibilidade de tratamento precoce. A ideia acatada pela prefeitura de Campo Grande, que fornecerá o kit, foi aprovada oficialmente na última sexta-feira (10). Segundo Mauri, “os mais desamparados sofrem, porque são atendidos com dificuldades e orientados para retornarem para as suas casas com sintomáticos. Desta forma a doença pode evoluir rapidamente e quando pioram já estão em estado grave”. A iniciativa visa impedir a ocupação de vagas em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Apesar de estudos que apontam pouca eficácia em seres humanos, há também os que mostram a que esses remédios podem ajudar.Guerra científicaUm estudo feito pela equipe do Henry Ford Health System, demonstrou que 26% dos mais de 2500 pacientes que não receberam tratamento com hidroxicloroquina morreram, em comparação com 13% que receberam. Ele também seria responsável por atuar contra a inflação causada pelo vírus. Apesar de animador, pesquisadores não associados à equipe têm críticas relacionadas ao método. O estudo observou em retrospectiva, ou seja, eles olham para o resultado depois da prescrição dos medicamentos. Outra crítica tem a ver com a prescrição de dexametasona, um esteroide usado para diminuir a inflamação. A Universidade de São Paulo (USP) divulgou na última semana um estudo relacionado aos perigos associados à ivermectina e a hidroxicloroquina, dois remédios que compõem o kit campo-grandense. A principal crítica é que os remédios além de matarem o vírus também são responsáveis por destruir as células portadoras. Comparin defendeu a ivermectina nesta manhã. De acordo com ele, quando combinada com outros remédios pode reduzir as internações por Covid-19. “Estudos mais recentes mostram que na África, alguns países não têm óbitos. Eles faziam uso da ivermectina, o mais usado no mundo”, disse.