Estudo do Ined (Instituto Francês de Estudos Demográficos) aponta que em 2050 seremos 9,7 bilhões de habitantes no planeta Terra, somente no Brasil, 227 milhões. Durante esse período, a extensão da área produtiva do agronegócio não deve aumentar mais do que 2%, ao passo que em Mato Grosso do Sul, com o advento do novo Código Florestal, a tendência é de retração nos próximos anos, com 6% das terras produtivas destinadas à recomposição de reserva.Na primeira palestra, o doutor Fabiano Araújo, da Aval Serviços Tecnológicos, detalhou algumas novas tendências da área de rendimento frigorífico. De acordo com ele, o cenário para o agronegócio brasileiro é positivo, com a possível abertura dos Estados Unidos à carne bovina brasileira e com o anúncio do Ministério da Agricultura de que o País iniciará, a partir de agosto, o comércio de carne in natura e a busca por protocolo de exportação para a Comunidade Europeia. “Além disso, o ágio do boi gordo em Mato Grosso do Sul está em 50%, bem acima da média nacional, de 40%. O momento é favorável, mas o produtor não pode se acomodar, pois o alinhamento da gestão do negócio passa a ser ainda mais importante”, disse.Como exemplo, Araújo usou o caso da Fazenda Nova Esperança, em Crixás, no estado de Goiás. Entre 17 de janeiro a 5 de março deste ano, foram abatidos 742 cabeças de machos inteiros, com índice de rendimento de abate de 54%. “Segundo nossos cálculos, isso prova que há uma variabilidade de abates de animais muito bons e muito ruins e que, se trabalhado o melhoramento genético corretamente, uma melhoria de 2% nesse quesito já garante ao produtor um aumento no lucro líquido de 16% a 20%”, pontuou o técnico, que destacou ainda haver uma correlação genética entre precocidade sexual e características quantitativas de carcaça, um dos itens de maior valor agregado para os produtores. Na sequencia, o dr. Luiz Otávio Campos da Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, fez uma apresentação sobre a área genômica e sua importância para o aumento da precisão na seleção de touros melhorados.De acordo com ele, o touro é o item mais importante na cadeia genômica para se auferir desempenho. “Cerca de 86% do ganho genético e da força do melhoramento que possa haver passa pelo touro superior, que pode garantir que a próxima geração será geneticamente melhor, de acordo com as características de interesse do produtor”, disse o pesquisador, que citou algumas formas de se utilizar a genômica em prol do melhoramento genético da raça Nelore, como a determinação do parentesco, os testes diretos para anomalias genéticas ou características qualitativas de interesse (ex: cor de pelo) e avaliação de testes aprimorados.Encerrando o ciclo de palestras, o doutor Argeu Silveira, diretor técnico da Genética Aditiva, falou sobre a importância de se medir a circunferência escrotal dos touros. Ele apresentou estudos que evidenciam a correlação entre o perímetro escrotal do touro e a precocidade sexual das fêmeas. “Um levantamento mostra que entre 28 e 32 centímetros de circunferência escrotal ocorre a puberdade sexual do touro, com 12 meses de idade, o que significa dizer que a próxima geração dos bezerros fêmea que virão entrarão no cio mais cedo, reduzindo o ciclo de produção e ampliando a rentabilidade para o produtor”, disse Silveira. Ele também destacou a importância do manejo, da nutrição e da sanidade na cadeia produtiva. “Quando se fala em acasalar um determinado touro com uma vaca estamos pensando prioritariamente em produzir carne macia, em menos tempo e com menor custo. Para isso é preciso selecionar o macho pelo temperamento, abatendo animais mais jovens. A parte genômica vem justamente para tirar o efeito do ambiente externo, dar o maior retorno econômico possível para o produtor e uma carne com uma qualidade cada vez melhor na ponta da cadeia produtiva, ou seja, o consumidor” finalizou ele, que depois conduziu os convidados a uma visita aos piquetes dos touros da raça Nelore da Fazenda Canaã.Há 52 anos no ramo, o produtor Geraldo Majella Pinheiro, da Fazenda São Geraldo, do município de Bonito, MS, começou a experimentar recentemente os benefícios do melhoramento genético em seu rebanho. Cliente da Genética Aditiva há 5 anos, ele adquiriu há pouco o touro nelore REM Vaticom em leilão promovido pela empresa. “Só tem me trazido uma alegria atrás da outra. Já me deu 42 bezerros e está só em ‘início de carreira’. E os filhos dele superaram todos os outros dos melhores touros de sumário de raça em avaliação de carcaça”, celebrou o produtor que só utiliza pasto e sal mineral para a alimentação do touro.O “Dia de Campo Genética Aditiva” está em sua 12ª edição e o produtor Jerônimo Machado diz nunca ter faltado em nenhum. “Hoje em dia o mercado só procura touro de sêmen bem avaliado e a tecnologia é fundamental para isso. Por isso, o Dia de Campo é uma excelente oportunidade de atualização para nós, de resultados, informações e onde podemos rever os amigos e fazer bons contatos”, disse o proprietário da Fazenda Olho d´Água, de Terenos, MS.