Juiz que condenou em primeira instância afirma que motorista de Cristiane Brasil trabalhava quase 15h por dia sem carteira assinada. A nova ministra do Trabalho, Cristiane Brasil (PTB), foi condenada em 2016 a pagar uma dívida trabalhista de R$ 60,4 mil a um motorista que prestava serviços para ela e para sua família, conforme decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1), confirmada em segunda instância.De acordo com o juízo, o funcionário não teve a carteira de trabalho assinada e, por isso, deveria ter ganho de causa para receber gratificações como férias, aviso prévio e gratificações natalinas. A carga horária do funcionário chegava a quase 15h por dia, de acordo com o juiz Pedro Figueiredo Waib, que condenou em primeira instância.Acolho que o autor trabalhava de segunda a sexta, das 6h30 às 22h, com uma hora de intervalo intrajornada, escreve o magistrado.A TV Globo pediu um posicionamento à deputada por volta das 16h, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.No processo, a parlamentar afirma que o motorista exercia tão somente trabalho eventual e que não era e nem nunca foi seu empregado. Segundo Cristiane Brasil, ela o conheceu quando trabalhava na Câmara dos Vereadores e tinha relação meramente comercial, sem exclusividade e subordinação.De acordo com decisão de julho de 2017, a dívida de R$ 60 mil foi abatida com penhoras e era, àquela época, de R$ 52 mil. Até outubro do ano passado, Cristiane não havia comprovado o pagamento integral.Na versão do motorista Fernando Fernandes, ele trabalhou para a parlamentar e seus filhos entre 2012 e 2014. Das 6h30 às 22h, levava as crianças ao médico, escola, psicólogos ou até mesmo baladas.Em seu depoimento, o funcionário afirma que recebia R$ 1 mil em espécie e outros R$ 3 mil na conta também para levar as empregadas da deputada às compras e ficar à disposição da patroa. Em 2011, narra, teria folgado somente aos domingos.O nome de Cristiane Brasil não consta no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas do Tribunal Superior do Trabalho. O G1 entrou em contato com o TRT1 para saber o porquê, mas não houve resposta até a última atualização desta reportagem.A defesa de Fernando afirma que não houve a inclusão porque bens da ministra foram penhorados e o processo, já transitado em julgado, aguarda a execução de novos bens.Um processo mais recente foi registrado em 2017 por outro motorista: Leonardo Eugêncio de Almeida Moreira. Neste caso, o desfecho foi diferente. A então deputada se comprometeu a pagar R$ 14 mil, em parcelas de R$ 1 mil, além de assinar a carteira de trabalho.