O Hospital Regional é referência para atendimento a pacientes com Covid-19 A disseminação da Covid-19 em Guia Lopes da Laguna, cidade situada a 232 quilômetros de Campo Grande, além de outros municípios que também já registram casos da doença, pode afetar o atendimento do serviço de saúde da Capital. Só em Guia Lopes, são 105 pessoas contaminadas com o novo coronavírus, número que vem aumentando gradativamente nos últimos dias, espalhando-se para as localidades vizinhas, como Jardim e Bonito. O problema é agravado pelo fato de a região não dispor de estrutura médico-hospitalar capaz de dar atendimento aos pacientes, o que força a transferência para a Campo Grande.De um modo geral, a Covid-19 tem avançado pelos municípios do interior e chegou a alguns deles com força, principalmente nos que têm demanda absorvida por Campo Grande. Até a manhã desta segunda-feira, por exemplo, oito dos 23 municípios que são atendidos pela estrutura de saúde da Capital já tinham registro de ao menos um caso da doença.No início deste mês, o governo do Estado estabeleceu nova dinâmica de regulação para atendimento de pacientes com a Covid-19. As regras foram estabelecidas levando em consideração a quantidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que essas localidades possuem e que estão reservados para infectados da doença. Com a dinâmica da regulação, Campo Grande ficou responsável por atender, além dos seus próprios pacientes, os infectados de Aquidauana, Anastácio, Bandeirantes, Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Caracol, Corguinho, Dois Irmãos do Buriti, Guia Lopes da Laguna, Jaraguari, Jardim, Maracaju, Miranda, Nioaque, Nova Alvorada, Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo, Rio Negro, Rio Verde de Mato Grosso, Rochedo, São Gabriel do Oeste e Terenos. Dessas cidades, oito têm casos confirmados da doença: Guia Lopes (105 casos), Jardim (20), Bonito (15), Ribas do Rio Pardo (10), Bela Vista (2), Miranda (1), São Gabriel do Oeste (1) e Rio Verde de Mato Grosso (1). Totalizando 155 casos confirmados.Se somados com os 181 infectados da Capital, já são 336 casos, o que representa que mais de 50% do total de doentes pelo novo coronavírus no Estado tem Campo Grande como referência para o tratamento da doença – até a manhã de ontem, eram 613 confirmados.Apesar de os casos ainda não terem representado um aumento grande na demanda por leitos, as autoridades de saúde já têm trabalhado para quando esses casos precisarem de internação. “Estamos reagindo um dia de cada vez, dependendo da evolução dos casos, mas sabemos que a evolução do paciente é muito rápida, então, apesar de neste momento estarmos tranquilos, com todas as unidades de saúde 24 horas relativamente vazias, isso pode mudar em poucas horas. Só de domingo para segunda, foram mais de 100 casos confirmados”, declarou o coordenador de Urgência da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Yama Higa.Atualmente, apenas 20 pessoas ocupam leitos hospitalares da Capital por conta da doença. Três delas estão internadas em Unidades de Terapia Intensiva de hospitais particulares e outras 17 ocupam vagas de leitos clínicos, entre leitos públicos e privados. A rede de saúde de Campo Grande conta com mais de 400 leitos de UTI, somando a rede pública e privada. Desse número, 112 estão destinados apenas a pacientes com Covid-19. Outros 341 leitos clínicos também foram reservados para infectados do novo coronavírus, totalizando 453 leitos.Prevendo um possível aumento da busca por internações, a Secretaria Municipal de Saúde se reuniu nesta segunda-feira para traçar estratégia que pudesse amenizar esse impacto. Segundo o coordenador de urgência da pasta, serão montadas barreiras sanitárias nas entradas da cidade, aos moldes das que foram feitas no interior.“Equipes da Vigilância Sanitária e de saúde fiscalizaram todos os ônibus e veículos que entram na cidade para identificar casos suspeitos da doença. Pretendemos fazer isso em todas as saídas para ter um controle”, declarou o coordenador. A ideia começou a ser desenvolvida nesta segunda-feira e ainda não tem data para ser colocada em prática.
Pandemia no interior pode afetar estrutura de saúde na Capital
Redação, Correio do Estado
19/05/2020 às 03:00 •