São pelo menos 12h de voo, 6 horas de fuso horário e uma diferença cultural acima da distância geográfica. Para realizar o sonho de se casar num castelo italiano, a noiva Aline Sousa Ferreira, de 29 anos, está levando de Campo Grande, além do vestido, a equipe de fotografia e decorador. A logística envolve passagens aéreas, documentação e a bagagem de volta, trará sem dúvida, a experiência incrível com um castelo medieval de fundo.Aline é de Campo Grande e o noivo, Leandro, de São Paulo. O sonho de se casar como princesa está acontecendo por intermédio da irmã e da mãe da noiva, que moram na Itália. Eu já morei um tempo lá. A ideia surgiu por uma questão de reunir as pessoas mais importantes para mim que moram lá, explica. Aqui na Capital, Aline já disse sim entre familiares e amigos próximos. No dia 9 de julho é que o casamento no castelo acontece numa cerimônia intimista. O mini-wedding será no jardim, no final da tarde. O castelo chama Papadopoli Giol, construído no século XIX no estilo gótico inglês, com um parque histórico no entorno e fica na Província de Treviso. Os planos de Aline começaram no início deste ano, quando a noiva fechou as passagens para então começar a ver os fornecedores. Estou levando meu decorador daqui e meu fotógrafo, o sonho de qualquer noiva, descreve. Aline fala de Alan Cordeiro e Allan Kaiser, o primeiro é o decorador e o segundo, fotógrafo.Toda organização está sendo à distância, minha irmã que me indicou, contou a história do castelo, construído na época medieval. É a minha cara fazer coisa diferente e na hora que ela falou da proposta do castelo. Ela vai se casar lá também, num jantar veneziano, mas eu preferi um estilo alternativo, conta. Por isso Aline vai aproveitar o sol que se põe quase às 9h da noite na primavera italiana.Será com poucas pessoas, flores do campo, um brunch e o pastor da minha igreja, Adventista.Aline e Leandro estão juntos há 8 meses, mas os planos de subirem ao altar começaram já no segundo mês e quando a mãe dela soube, de cara ofereceu o país onde vive para sediar o sim. Ela falou se vocês forem casar, pode fazer a cerimônia aqui na Itália, recorda Aline.O castelo é locado para o dia todo com direito à pernoite dos noivos e convidados. É como se fosse um pacote e daqui estou levando os meus profissionais, da minha confiança. A decoração é uma das coisas mais importantes e a fotografia, é o que vai ficar para sempre, ressalta.Decoração Primeiro casamento fora do país, para o decorador Alan Cordeiro, os 2 anos de experiência lhe ensinaram a se jogar. Aos 29 anos, ele passou do cerimonial para a decoração na cara e na coragem. Hoje, coleciona criações específicas para noivas e um jeito despojado de conquistar as clientes.Foi indicação do fotógrafo Allan para a Aline. Ela queria alguém que aceitasse o desafio de decorar lá também. Quando ela conversou comigo, captei a ideia dela, conta.Apesar de ser num castelo, Alan explica que a decoração não vai ser luxuosa e nem vai ter nada de clássico. Será num jardim, mas nem por isso rústico. Será no estilo provençal, vou levar as peças daqui e usar o mobiliário do castelo, descreve.O estilo, segundo Alan, que está para se formar em Design de Interiores, vem das províncias do Sul da França. Historicamente, os camponeses queriam imitar os castelos da realeza, mas não tinham poder aquisitivo. Então eles fabricavam os próprios móveis de um jeito campestre e com a delicadeza nos detalhes, relata Alan.Delicadeza esta que ele vai levar na bagagem daqui: bule, xícaras, baldes, regador e vou criar a decoração com as flores da Itália. Para criar na decoração, Alan chega ao castelo quatro dias antes do casamento. O desafio é total. Aqui tenho uma equipe que trabalha comigo, lá sou eu com a mão na massa e uma equipe que não fala minha língua, comenta.Fotografia Casamento fora do Brasil, este já é o segundo carimbo no passaporte do fotógrafo Allan Kaiser, de 24 anos. O primeiro foi na Inglaterra, depois no Paraguai, fora os ensaios na Escócia e no Peru. O contato com o profissional foi através da internet. A noiva já seguia os trabalhos do fotógrafo.Para mim, o maior desafio é o cultural. O que eu fiz na Inglaterra não teve cerimonial. Então não havia roteiro para que eu seguisse. Perguntei para a noiva e ela disse que ia ser normal, mas na hora foi tudo diferente. O noivo foi à frente da igreja e anunciou a entrada da amada dele. Então, a cultura pega, recorda Allan. Acostumado a clicar mini-weddings e casamentos em geral por todo país, Allan já esteve em 13 estados de dedos e olhos muito atentos. Acho que o meu trabalho é estar pronto para tudo e saber o máximo possível. Eu pergunto muita coisa, mas como nos destinations weddings, a família está indo de outros lugares, elas estão muito ocupadas, relata. A ajuda não é das maiores e a dificuldade também está em entender o que o celebrantes e os convidados dizem. Mas no fim, gestos dizem mais que as palavras. Eu fico muito atento. Fotografar casamentos é ser um caçador, procurar momentos, encontrá-los e clicar com o máximo de verdade possível. Não há espaço para erro, frisa Allan.O tipo de noiva que o procura não costuma pedir fotos específicas, justamente por compartilhar da visão do fotógrafo: captar momentos e cenas de forma artística e espontânea. Eu volto diferente de cada viagem. Aprendo muito de cada cultura, é sempre um crescimento. A fotografia está muito ligada aos lugares que vivi, às pessoas que conheci, aos livros que li. Tudo isso muda as pessoas, porque o que nos torna diferente são as nossas experiências, destaca. Para este casamento, Allan convidou o amigo e também fotógrafo Lusival Junior e a noiva, Beatriz Balog será a responsável pelo vídeo do grande dia de Aline. O casal fará o primeiro trabalho fora do país, levando mais equipamentos do que roupas na bagagem.Beatriz antecipou parte do vídeo gravando o casal, ainda em Campo Grande, durante 2h. Em aúdio, eles contam como se conheceram e de que forma nasceu o amor. O vídeo ele precisa surpreender e eu já tenho um roteiro na minha cabeça das cenas. Lá será muito inspirar, essa coisa antiga, da arquitetura, afirma. Em valores, o casamento não sai barato, por ter outros gastos que não teriam em Campo Grande, como de passagem e hospedagem. E o euro não está barato, são quase 4 reais. Mas é sonho e sonho vale tudo. Estamos abrindo mão de muitas coisas, do nosso apartamento que íamos comprar aqui, para realizar o nosso sonho. Mas a gente vai conquistar ainda, termina a noiva.