Há alguns anos, receber o diagnóstico de Aids era uma sentença de morte. Mas, hoje em dia, é possível ser soropositivo e viver com qualidade de vida. Basta tomar os medicamentos indicados e seguir corretamente as recomendações médicas. Saber precocemente da doença é fundamental para aumentar ainda mais a sobrevida da pessoa.Segundo o boletim epidemiológico de HIV/Aids de 2015 do Ministério da Saúde, seguindo uma série histórica, é possível comparar a evolução da epidemia de Aids com dados disponíveis desde 1980. Chama a atenção o fato de que, pela primeira vez em sete anos, a taxa de detecção por 100 mil habitantes caiu para menos de 20 casos, passando a ser a menor taxa de detecção dos últimos 12 anos.Em Mato Grosso do Sul, em 2015, foi registrado um total de 468 casos de HIV, já este ano até junho, apenas 145. O número de pessoas que desenvolveram sintomas, ou seja, teve a doença manifestada caiu de 259 em 2015 para 71 em 2016 até o dia 30 de junho.Os dados são do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). As mortes pela doença em 2015 no Estado chegaram a 134, já este ano, se manteve nos 43.A Aids é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, como também é chamada, é causada pelo HIV. Como esse vírus ataca as células de defesa do nosso corpo, o organismo fica mais vulnerável a diversas doenças, de um simples resfriado a infecções mais graves como tuberculose ou câncer. O próprio tratamento fica prejudicado.Ao contrário de outros vírus, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Isso significa que uma vez que a pessoa contrai o HIV, viverá com o vírus para sempre. ‘Descobrir que era soropositivo foi uma facada nas minhas costas’ Foi através do teste que Maria (nome fictício) descobriu que era portadora do vírus. Isso foi em 2010 após uma viagem com a família para o exterior. A mulher de 39 anos que não quer se identificar, na época com 33, se sentia plena e realizada, mas ao saber do resultado viu seu mundo despencar.“Descobrir que eu era soropositivo foi praticamente uma facada nas minhas costas”Foi através do teste que Maria (nome fictício) descobriu que era portadora do vírus. Isso foi em 2010 após uma viagem com a família para o exterior. A mulher de 39 anos que não quer se identificar, na época com 33, se sentia plena e realizada, mas ao saber do resultado viu seu mundo despencar.“Descobrir que eu era soropositivo foi praticamente uma facada nas minhas costas, eu me via assim, apunhalada, me vi morta. Porque eu pensava: como vou viver, me relacionar? Ninguém vai querer nem falar comigo, isso é muito cruel”, conta.Atualmente, não existe uma cura efetiva e segura, mas com cuidados apropriados, o HIV pode ser controlado. “Não quis saber como contraí, com a ajuda da minha família e amigos foquei apenas em buscar tratamentos paliativos e viver uma vida normal”, diz.Quase 1,8 mil fazem tratamento em Mato Grosso do SulO tratamento para o HIV é frequentemente denominado como ART (terapia antirretroviral) e pode prolongar expressivamente a vida de muitas pessoas infectadas pelo HIV e diminuir as chances de transmissão. Antes da introdução da ART na metade dos anos 90, pessoas com HIV progrediam para a Aids em apenas alguns anos. Hoje em dia, alguém diagnosticado com HIV e tratado antes do avanço da doença pode ter uma expectativa de vida quase igual à de uma pessoa não infectada.“Faço meu tratamento no Dia [Hospital Dia Professora Esterina Corsini] e tenho todo o suporte necessário, assim como todas as pessoas que tratam lá”, diz Maria (nome fictício).De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 30% das pessoas que são portadoras do vírus não sabe desta informação por não serem testadas. Na Capital, as unidades de saúde que oferecem o teste e o tratamento atualmente são o Cedip (Centro de Doenças Infecto Parasitárias) e Hospital Dia Professora Esterina Corsini – Hospital Universitário.Atualmente, estão em tratamento 1.792 pacientes nesses locais. Os dados são do Simc (Sistema de Monitoramento Clínico das Pessoas Vivendo com HIV).A partir desse mês, os casos novos de HIV em adultos sem coinfecções, poderão ser acompanhados no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento), e nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da Moreninha, Dona Neta, 26 de Agosto, Coronel Antonino; UBSFs (Unidades Básicas da Saúde da Família) do Itamaracá, Macaúbas e Iracy Coelho.No Estado, os tratamentos são realizados em 12 SAEs (Serviços de Assistência Especializas), que estão localizados em Aquidauana, Corumbá, Coxim, Dourados, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã, Três Lagoas e Campo Grande.Na Capital, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) disponibiliza preservativos, acesso à profilaxia pós-exposição nas unidades 24 horas, ampliação do acesso ao diagnóstico para população geral na rede básica de saúde e ao tratamento em algumas UBS.