Troféu: pescador do torneio de Três Lagoas fotografa tucunaré fisgado no Rio Paraná A proibição da captura e transporte de peixes das bacias dos rios Paraguai e Paraná a partir de 2020 em Mato Grosso do Sul, por decisão do Governo do Estado, teve a adesão unânime dos 880 pescadores amadores de 12 estados que participaram do 10º Torneio de Pesca Esportiva de Três Lagoas, realizado no último fim de semana. Com a mesma determinação, eles apoiam a inclusão do tucunaré no decreto da cota zero.A pesca excessiva no Rio Paraná e seus afluentes reduziu o estoque pesqueiro, a exemplo do Rio Paraguai, e hoje o tucunaré, espécie amazônica, domina as águas da bacia e atrai milhares de pescadores. A Associação de Pescadores Esportivos de Três Lagoas (APETL) lidera um movimento na região pelo controle do peixe exótico e vai propor a proibição da sua captura ao governador Reinaldo Azambuja. A medida é discutida também em São Paulo.“Mato Grosso do Sul já perdeu 90% dos pescadores esportivos para a Argentina com a matança aberta das espécies nativas do Pantanal e resta agora o tucunaré, que é o peixe mais procurado no Rio Paraná”, afirmou o empresário Nelson Nakamura, paulista de 63 anos, que pesca desde os anos de 1970 nos rios do Estado. “A cota zero é uma medida exemplar e tem que incluir o tucunaré. Peixe para consumo tem que ser de cativeiro”, defende ele.Estado perdeu atratividadeNakamura é uma das principais referências da pesca esportiva no Brasil e realiza uma prova exclusiva no torneio de Três Lagoas. Em seu próximo programa sobre pesca em família no canal Fish TV ele debaterá a necessidade de estabelecer uma moratória para o tucunaré. “Não significa apenas a sobrevivência da espécie, mas da pesca esportiva no Estado, que deixou de ser atrativa.O pescador vai onde tem o peixe, e hoje esse lugar é a Argentina”, pondera.Tucunaré é devolvido ao rio durante prova do torneio de pesca esportiva de Três Lagoas A posição do pescador paulista reforça a proposta da APETL, que apresentou formalmente o pedido de uma legislação restritiva à pesca do tucunaré ao secretário em exercício da Semagro (secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Ricardo Senna. O titular da pasta representou o governador no encerramento do torneio em Três Lagoas, no sábado (3), e adiantou que a medida é viável.“Vamos levar ao governador essa reivindicação de ampliar o controle da pesca, incluindo uma espécie que veio para dominar o Rio Paraná e hoje proporciona a realização do maior torneio de pesca esportiva do Brasil em Três Lagoas”, disse Senna. “A cota zero é uma medida protetora, mas também visa estimular o mercado da pesca esportiva no Estado, atraindo os brasileiros que deixam meio milhão de reais por ano na Argentina para fisgar um dourado.”Preservar os ovos de ouroSegundo o presidente da APETL, Kenzo Sigaki, a pesca do tucunaré é aberta e não havendo medidas restritivas coloca em risco a espécie e o próprio torneio de Três Lagoas, que gera R$ 2 milhões na economia da cidade. Ele disse que os pescadores da região têm um pacto pela preservação do peixe, definindo a captura entre 30cm e 45cm ou 65cm para a espécie de cor azul.“Queremos o Reinaldo Azambuja levantando também a bandeira do tucunaré”, citou.Maior torneio de pesca do tucunaré, em Três Lagoas, movimentou R$ 2 milhões na economia da cidade A moratória para o atrativo peixe pela sua esportividade tem o apoio também do consultor em pesca esportiva Lester Scalon, 60, “padrinho” do torneio de Três Lagoas. “Fiquei muito feliz com a cota zero, Mato Grosso do Sul ainda será o maior polo da pesca esportiva”, comentou. Também articulista das principais publicações sobre a modalidade de pesca, Scalon disse que a cota zero é uma lei fantástica. “Não podemos matar nossa galinha de ovos de ouro”, frisou.A medida decretada pelo governador Reinaldo Azambuja foi aceita sem restrição entre os 880 pescadores que participaram do torneio em Três Lagoas. Integrando a equipe campeã da competição, de Uberlândia (MG), Luciano Estevão declarou que pretende voltar a pescar no Pantanal sabendo que haverá peixe. “A gente se sente gratificado, preservação é tudo”, disse. “O Estado está de parabéns por essa atitude”, afirmou Iori Kichi, de Ilha Solteira (SP). *Com Subsecretaria de Comunicação