Representantes da Proteco e da Encalso, empresas donas de contratos milionários com o governo do Estado, e o então secretário estadual de Obras, Edson Giroto (PR), reuniram-se em dezembro do ano passado para “zerar tudo”. O encontro não foi em gabinete, mas de pé no aeroporto de Presidente Prudente, interior de São Paulo, e gravado pela PF (Polícia Federal).A Encalso executou obras de R$ 88,9 milhões na pavimentação de três lotes da MS-040 e é a construtora dos residenciais de luxo Damha. Num deles, está a mansão de Giroto, que foi alvo de mandado de busca e apreensão e é avaliada em R$ 7 milhões.De acordo com relatório da operação Lama Asfáltica, realizada em 9 de julho pela PF, o tema do encontro entre Giroto, João Amorim (dono da Proteco Construções Ltda) e Antônio Petrin (diretor comercial do grupo Encalso) foi “assinatura de uma escritura no bojo de contratos milionários das empresas do grupo Encalso Damha no Estado e na capital Campo Grande”. A reunião foi no dia 11 de dezembro do ano passado.O encontro foi precedido de ligações com tom de urgência. Falando em nome de Petrin, um homem liga para Elza Cristina Araújo dos Santos do Amaral, secretária e sócia de Amorim. O objetivo é que o diretor consiga contato com Amorim. “Então, ele está em pânico, ele está...sabe? E a solução dos projetos está na mão dele, depende dele. Ele, para você ter uma ideia, está disposto a mandar um avião aqui pegar o Doutor João, levar lá, conversam e ele traz ele de volta aqui”, diz o emissário de Petrin em gravação de 5 de dezembro.O homem reforça que Petrin “tentou desesperadamente falar com ele e não conseguiu”. Elza responde que que vai avisar o doutor João. Três dias depois, João Amorim liga para o diretor da Encalso. Ele repete a proposta de enviar o avião e se mostra preocupado com o tempo, pois faria cirurgia em breve. Petrin afirma que é possível fazer uma escritura ainda em 2014. “A gente zera tudo. Eu to preparado para zerar tudo”, disse o diretor.No mesmo dia 8 de dezembro, Amorim e Petrin se falam mais duas vezes sobre a viagem. No dia 10 de dezembro, o dono da Proteco confirma que vai a Presidente Prudente. O encontro acontece no dia seguinte. De acordo com a Polícia Federal, João Amorim e Giroto viajaram no avião que pertence à “organização” e está registrado em nome da Itel Informática, de propriedade de Elza e João Baird.Segundo o relatório da operação Lama Asfáltica, o grupo Encalso Dhama mantém contratos com o governo de Mato Grosso do Sul, e subcontratado da Proteco em alguns contratos e vice-versa e que Giroto estava construindo uma mansão no condomínio de luxo em Campo Grande.Os contratos entre a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) e a Encalso Contruções para pavimentar três lotes da MS-040, que ligou Campo Grande e Santa Rita do Pardo, foram publicados em 16 de julho de 2013. A Proteco venceu licitação para dois lotes, no valor R$ 45,3 milhões. Ao todo, a obra da MS-040 teve dez lotes e custo de R$ 300 milhões.Como teve recurso federal, por meio de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), os contratos da obra serão analisados pela CGU (Controladoria-Geral da União).Outro lado – No último sábado, a defesa de Edson Giroto informou que ainda não teve acesso ao inquérito. Segundo o advogado Valeriano Fontoura, não é possível se manifestar sem conhecimento das denúncias. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de João Amorim.O Campo Grande News também não conseguiu contato com a assessoria de imprensa da Encalso Construções, cuja sede é em São Paulo.Abaixo, o primeiro vídeo mostra Giroto e Petrin em Presidente Prudente. O segundo mostra o retorno de Giroto e João Amorim.