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Você já acordou com a sensação de que não conseguia se mexer na cama?

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(Foto: Divulgação)
Após um dia cheio, nada como uma boa noite de sono para recuperar as energias. Essa é daquelas frases tão óbvias que poderiam até ser aposentadas. Todos sabemos que precisamos repousar diariamente. Mas, para algumas pessoas, a hora de dormir pode ser o início de uma experiência intensa.Sabe quando você tem um sonho tão real que, ao despertar, fica em dúvida se ele de fato não aconteceu? Ou quando você está sonhando e tem a consciência de que é um sonho e que pode acordar a qualquer momento? Imagine acordar no meio desse sonho e não conseguir comandar seu corpo. Você tenta levantar da cama e não consegue, tenta gritar e as palavras não saem. Ao mesmo tempo em que enxerga onde está e o que acontece ao redor, suas funções motoras não lhe pertencem mais. E a sensação é de que a respiração fica mais difícil, devido a uma força inexplicável que pressiona seu peito.Poderia ser uma ficção escrita por Stephen King ou a sinopse do mais novo filme de M. Night Shyamalan. Porém, trata-se de algo real vivido rotineiramente por um grande número de pessoas. É bem provável que você ou alguém próximo já tenha passado por algo assim.Com Juliana*, 22 anos, aconteceu pela primeira vez na pré-adolescência: “Lembro muito por conta da televisão. Eu via TV para dormir e durante a experiência lembro de ter visto o que estava passando na tela”.Ela poderia seguir a vida imaginando que tudo não passara de um sonho aflitivo. Isso se o episódio não tivesse sido reprisado há cerca de 2 anos. A partir daí, tornou-se recorrente. Durante alguns meses, chegou a acontecer quase que diariamente: “Eu deito para dormir, durmo, daí tenho isso. Do nada. Pode ser no meio da noite ou logo no começo. Varia pra caramba. Você não abre o olho. E você sabe que está de olhos fechados. Você faz muita força para abrir, seu olho não abre de jeito nenhum, mas você consegue enxergar. Isso que é estranho. Eu fico vendo o que está acontecendo de verdade, só que eu sinto como se tivesse algo ou alguém me prendendo.”Conversando sobre o tema com outras pessoas, Juliana descobriu que não estava sozinha: “Comentei isso com uma amiga da faculdade e ela falou que já teve. Uma outra amiga contou para ela que também já teve. Mesmo minha mãe já teve isso quando era mais nova. Antes eu achava bem surreal, depois eu vi que outras pessoas têm. Mas não é algo tão comum assim. Muita gente não consegue nem entender.”Por motivos pessoais, nossa entrevistada Juliana foi pelo caminho da espiritualidade para conseguir lidar melhor com a situação, que vinha se repetindo diariamente de forma angustiante: “Eu fiz um tratamento espírita. Veio uma pessoa que fez como se fosse uma limpeza na casa. E dai eu parei de ter”. Apesar de não se assustar mais com isso como antes, ela tem receio de que volte a acontecer. Principalmente por ser algo cansativo, que interfere no seu momento de repouso.O fenômeno não é recente e nem são de hoje as tentativas de explicá-lo. Por exemplo, o folclore brasileiro conta a lenda da Pisadeira. É uma mulher que surge do seu esconderijo para pisar sobre o peito da pessoa adormecida, que por sua vez permanece em estado letárgico enquanto mantém a consciência de tudo que acontece. A mitologia japonesa dá a esses mesmos sintomas o nome de kanashibari, que seria obra da magia de um dos deuses budistas. Como aponta esse artigo, a experiência de acordar no meio de um sonho em conseguir se movimentar é narrada ainda por outras culturas em diferentes momentos históricos.No contexto filosófico, alguns entendem se tratar de uma catalepsia projetiva, que seria o estágio preliminar de uma projeção astral . Segundo Wagner Borges, fundador do Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas, projeção astral é “a capacidade da consciência de se projetar temporariamente para fora de seu corpo fisico”. De acordo com ele, “enquanto o corpo físico descansa, o corpo espiritual desprende-se e flutua por cima da parte física”. Esses acontecimentos durante o sono seriam naturais para todo ser humano em todas as noites. A peculiaridade trazida pela catalepsia projetiva é a pessoa despertar no meio desse processo de transição energética e se lembrar dos acontecimentos ao acordar de volta no corpo.Outro grande estudioso do tema aqui no Brasil é Saulo Calderon, que vem vivenciando a projeção astral desde pequeno e, na adolescência, passou por diversos episódios de catalepsia projetiva. Sofreu muito até que aprendeu a usar melhor esse fenômeno para o bem. Após aprofundar seus estudos sobre experiências extracorpóreas, ele fundou o grupo de pesquisas Viagem Astral. Saulo costuma publicar vídeos em seu canal no YouTube, onde responde dúvidas de pessoas que buscam explicações espirituais para o fenômeno, além de falar também sobre outros universos que envolvem o mundo espiritual.Segundo Saulo Calderon, todas as noites quando dormimos, nosso corpo descansa enquanto nosso espírito se solta, ficando preso somente pelo “cordão de prata” – algo como um fio energético que sai do topo da nossa cabeça e nos liga ao corpo (segundo essa linha de estudo, quando morremos, esse cordão de rompe, e assim deixamos de habitar o nosso corpo físico).  A catalepsia projetiva seria a paralisia de seus veículos de manifestação, dentro da faixa de atividade do cordão de prata. Ou seja – seu espírito já estaria num outro plano, por isso a impossibilidade de mover o corpo.Algumas pessoas conseguem chegar nesse estado naturalmente, enquanto outras treinam e usam técnicas para conseguir se manter lúcidas durante esse processo no qual o espírito trocaria de dimensão. Saulo Calderon afirma em seus vídeos, cursos e livros que com treinamento (muitas vezes fazendo técnicas energéticas diárias para manter um estado de energia mais sutil), qualquer pode dominar essa habilidade de se manter lúcido fora do corpo.Saulo relata que não somente visita outros planos espirituais enquanto seu corpo dorme, como também faz trabalho de amparo com espíritos necessitados que encontra pelo caminho durante as viagens astrais. Segundo ele, a grande maioria das pessoas permanece como “zumbis” ao se desligarem do corpo, mas com treinamento e dedicação, seria possível se manter lúcido enquanto o corpo descansa. O benefício seria poder comprovar com seus próprios olhos a existência de vida após a morte, e poder evoluir mais ao invés de passar tantas horas “apagado” durante a noite.Esse ponto de vista ainda é enxergado como tabu em diversas linhas espirituais – mesmo no espiritismo – mas cada dia mais pessoas tem relatado ter vivido esse tipo de experiência extra-corpórea.