Publicado em 19/10/2016 às 02:00,

Ivinhema: Em comemoração ao Dia da Árvore, Diretora do Instituto Nova Geração conta história de paineira 

Redação,
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(Foto: Divulgação)
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(Foto: Divulgação)
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(Foto: Divulgação)
Em comemoração ao Dia da Árvore, uma das Diretoras do Instituto de Ensino Nova Geração, Srª Irani, elaborou um texto contando a história de uma árvore que a acompanha desde o início da carreira, confiram abaixo a importância não somente desta árvore, mas de todas aquelas que fazem fluir saudável e aconchegante nosso meio ambiente!Paineira que acompanha o Instituto desde os primórdios. PAINEIRAO dia amanheceu lindo, sol límpido o mais bonito e mais brilhante dos últimos dias... Estava eu, sentada à minha mesa rodeada de materiais escolares, mergulhada na rotina do meu cotidiano, quando às 09h45min meu celular tocou. Não era número conhecido. Atendi – Alô... – Ô minha professora! Você tá ligada que dia é hoje? – Sim! Hoje é 21 de setembro! É o dia da árvore!!! –  Então ... vamos visitar a nossa árvore de mais de 40 anos de idade? – Quando? – Agora! Passo aí pra te pegar! Respondi: – Vamos sim! Com todo prazer! Era a minha ex-aluna dos anos 1974, atualmente colega de trabalho e seleta amiga! Uma figura amada, Dirce Vani, que esbanja gentilezas e alegria por onde passa! Meu coração se encheu de alegria, saudade, emoção e tudo isso junto e misturado virou uma grande nostalgia! Rapidamente, passei a mão num chapéu e saímos: A Dirce e eu, rumo à Gleba Angelina, onde comecei a realização do sonho de ser professora, em abril de 1967. Fomos alegres, conversando animadamente relembrando os fatos, as pessoas e nosso tempo passado em que Ivinhema nascia, com apenas duas cores: preto das queimadas e o verde das matas. Aos poucos a população foi aumentando e foram surgindo as lavouras de café e soja. Chegamos! Encontramos nossa árvore linda e majestosa!Diretora do Nova Geração, Irani e sua ex-aluna dos anos 1974. Seus galhos fortes, firmes e sua folhagem viçosa, alta e frondosa, seu tronco muito grosso, impossível dar-lhe um abraço. Para isso é preciso mais ou menos quatro pessoas para abraçá-la por completo.Conversamos e nos acariciamos. Eu com minha emoção, acariciando suavemente seu tronco, com as mãos carinhosas e trêmulas e ela com o balançar de seus galhos e sua sombra fresquinha... maravilhosa!Comparei minha pele com a sua. Ambas envelhecidas e com estrias, porém eu frágil e ela forte; eu encolhendo e ela crescendo. Sua pele se abre em estrias para dar espaço ao crescimento de seu tronco, a minha flácida, abre espaço onde as rugas vão se formando...Comparei minha vida com a sua. Eu envelhecendo a cada dia. Ela se renovando a cada dia. Meu olhar baixo não alcança longe, o seu vai cada vez mais alto, mais longe, distante. Eu saí, mudei, fui lutar por melhoras. Ela permanece no mesmo lugar, porém apresenta muita melhora! Eu estou cansada, mas otimista, lutando. Ela continua revigorada, crescendo, se encorpando. Seu aspecto esbanja vitalidade, sombra, frescor... Meu aspecto esbanja o desgaste das lutas, ousadia, amor. Ela tão imponente! Eu tão persistente.Persisto em contar sua história linda e significativa na minha trajetória. Posso contá-la resumidamente a quem possa interessar. Essa árvore é uma belíssima Paineira! Como professora rural, assistindo ao desmatamento acelerado da nossa Gleba, eu falava com meus alunos (salas multisseriadas), sobre a necessidade de desmatar para agricultura de subsistência familiar, mas seria muito importante deixar em cada sítio uma reserva de mato. Um dia aquelas matas acabariam e fariam falta para o solo, para a natureza e às pessoas. Eles não acreditavam. Quanto mais desmatada e mais produtiva, mais valorizada era a propriedade.Todos os anos nós comemorávamos as quatro estações do ano, enfatizando a chegada da primavera e o dia da árvore, praticamente juntas. Pedia aos pais, quem pudesse nos presentear com a muda de uma árvore para plantarmos no quintal da escola. A escola era toda cercada de balaústre, uma salinha feita de tábuas, sem pintura, paredes reforçadas com estroncas, uma pequena área coberta na entrada. Ao lado, uma cozinha minúscula com fogão a lenha, um poço com mais de cinquenta metros de profundidade e bem no fundo do quintal, o mais longe possível, uma privada cuja casinha era dividida ao meio (masculino e feminino). Esse era nosso “Reino Encantado”, onde eu realizava o sonho de ser professora. As crianças não faltavam às aulas, pois enquanto estavam na escola, fugiam do trabalho da roça onde ajudavam seus pais. E assim éramos todos muito felizes. Em setembro de 1968, um senhor cujo nome José Felipe dos Santos, pai do aluno Omilton José Felipe, bateu palmas no portão da escola e me presenteou com uma linda muda de paineira. Ele me disse que quando viu a planta, lembrou-se da professora e veio até a escola, trazê-la para nós.Agradecida recebi aquela muda verdinha, viçosa, pois acabara de ser arrancada. Queria plantá-la no mesmo dia pra que ela não murchasse. Mas como? Não tínhamos enxada, nem enxadão, nem cavadeira, nem tínhamos vizinhos para emprestar. Os alunos todos eufóricos para plantar aquela muda, pois toda vez que plantávamos, havia uma cerimônia com música e poesia para celebrar o plantio. Então surgiu uma ideia genial. Escolhemos o local, entre a escola e a cerca de balaústre, do lado em que o sol se punha, pois quando ela crescesse faria sombra na escola. Pegamos um cabo de vassoura jogado no quintal e começamos a perfuração, mas o chão era muito seco e duro. Resolvemos então molhar a terra para facilitar abertura no solo. Assim, cada vinte ou trinta minutos uma criança ia lá e depositava água, batendo com pedaço de caibro, o cabo da vassoura, que devagar adentrava no chão. Passamos o dia fazendo isso e à tarde, no encerramento da aula, o buraco estava pronto para receber a planta. Como sempre fazíamos nos reunimos em círculo no pátio, eu segurava a planta no alto, mostrando para as crianças e todos cantávamos para ela:“Querida plantinha, com muita alegria,Vou deixar-te agora sob a terra escura!Mas não te abandono, virei todo dia.Molhar teu pezinho com a água fria! ”Assim depositamos com cuidado a muda no buraco aberto e úmido, buscamos uns paus e colocamos em volta da muda para protegê-la. Após o plantio, cantamos  o “Hino da Árvore” autoria de Arnaldo Barreto. Cavemos a terra plantemos nossa árvoreQue amiga bondosa ela aqui nos será!Se um dia voltarmos pedindo-lhe abrigoOu flores ou frutos ou sombra nos daráO céu generoso nos regue essa planta;O sol de setembro lhe dê o seu calorA terra que é boa lhe firme as raízesE tenham as folhas frescura e verdor!Plantemos nossa árvore que é a nossa amigaSeus ramos frondosos aqui abriráSe um dia voltarmos em busca de floresOu flores, ou frutos ou sombra nos daráO céu generoso nos regue esta plantaO sol de setembro lhe dê  o seu calorA terra que é boa lhe firme as raízesE tenham as folhas frescura e verdor!E o tempo passou...Nós crescemos... A planta também cresceu!Cada um de nós prosseguimos cumprindo o nosso dever: Eu de gente de bem, ela de árvore do bem...Temos uma vida em comum e uma história para relembrar... E contar...Para testemunhar a veracidade dessa história vou citar alguns nomes de alunos que fizeram parte dela: João Batista Ribeiro Filho (filho do Sr. João Batista Ribeiro e dona Maria ), Maria Helena Soares Junglos (filha do Sr. Cícero Nogueira Fraga e dona Orísia), Sideney Molina e o irmão André Molina Neto (filhos do Sr. Manoel Molina e dona Maria Molina), André Molina Neto e a irmã Clenir (filhos do Senhor Natalino Molina e dona Leonilda), Omilton José Felipe (filho do Sr. José Felipe e dona Carmozina). Doraci Enizete de Oliveira (minha querida irmã) nossos pais, Ataide Teodoro de Oliveira e dona Guilhermina, Dirce Vani (Filha do Sr. João Vani e dona Elídia). Ela chegou poucos anos mais tarde e adotou a nossa paineira com a sua linda história.Obrigada amiga Dirce Vani por me proporcionar hoje (21 de setembro de 2016) essa retrospectiva maravilhosa. Vou te homenagear com o Hino da Escola Rural que cantávamos quase que diariamente!Escola RuralNesta escola modesta da roçaRodeada de pés de caféO Brasil se levanta e remoçaNuma nova alvorada de fé!Batida de sol ardenteÉs do saber o finalQue nos guia para frenteBendita escola ruralAtravés da lavoura floridaQue a riqueza da pátria produzNossos pais vão lutar pela vidaE nós vimos em busca de luz!Batida de sol ardenteÉs do saber o finalQue nos guia para frenteBendita escola rural!E a você que acaba de ler esse texto, vou homenagear com “Emoções” Roberto Carlos.Quando eu estou aquiEu vivo esse momento lindoOlhando pra vocêE as mesmas emoções sentindoSão tantas já vividasSão momentos que eu não esqueciDetalhes de uma vidaHistórias que eu contei aquiSe chorei ou se sorriO importanteE que emoções eu vivi...