Neste primeiro semestre já foram registrados 8 homicídios ocorridos na região de fronteira seca, sendo esclarecido apenas 3 casos, explica o titular da 1ª DP (Delegacia da Polícia Civil) de Ponta Porã, cidade a 346 quilômetros ao sul de Campo Grande, Jarley Inacio de Souza. A dificuldade ocorre por conta do tráfico de drogas.“Pelo menos 80% dos crimes de assassinatos que ocorreram aqui no município tem como pano de fundo o tráfico, muitos deles ocorrem por pistoleiros que são contratados, ou seja, não tem ligação com a vítima. E quando conseguimos identificá-los, eles não sabem quem foi o contratante, isso é de praxe, justamente para não saber o foco. As mortes são sempre por disputa de territórios, pois eles querem ampliar os negócios ilícitos”.Jarley ressalta que após a gestão dele na unidade daquela cidade foi criado um setor dentro da delegacia, a fim de afunilar a investigação. “Há três meses está funcionando o Siat (Setor de Investigação e Apoio Tático Operacional), que foi criado a partir de um projeto nosso, pois houve a necessidade de esclarecer os casos de modo que agora podemos ter este levantamento de dados, já que isso fico nítido, que o tráfico e o principal responsável pelos homicídios”, frisa.JurisprudênciaO delegado revelou que a questão de tráfico de drogas é muito forte na fronteira. “Isso não é de hoje. A Sejusp/MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) assim como a DGPC (Delegacia-Geral da Polícia Civil) sabem disso, mas precisamos ter um mecânicos jurisdicional para combater isso”, revela.Por conta da lei, as polícias não podem ‘invadir’ o país vizinho para fazer uma investigação ou mesmo prisão. “Isso vai além da vontade e da jurisdição, pois os comissionários de lá (polícia) têm registros, dados sobre os históricos de crimes, grampos telefônicos de suspeitos que não podemos ter acesso, mas que ajudaria no nosso trabalho, assim como temos estes recursos aqui, mas eles também não podem acessá-los, uma questão diplomática”, diz.Uma solução encontrada por ambas as forças é a troca de informações. “Muitas vezes eles nos passam informações que precisamos, assim como fazemos com eles. Uma cooperação mútua para que possamos combater a criminalidade da fronteira, pois sabemos que 90% da droga apreendida em Ponta Porã, vêm de países vizinhos, e também temos conhecimentos que este entorpecente usa este país como corredor, ou para levar para outros, para como caminho para outros estados”, relata o titular da 1ª DP.Homicídio de brasiguaioAlém das 8 mortes ocorridas em Ponta Porã, a polícia do Paraguai também registrados de diversos crimes de execução pelo mesmo motivo, porém os dados não são disponibilizados para a polícia brasielira. Um deles ocorreu na segunda-feira (8), com um brasileiro, conhecido como ‘brasiguaio’ na região, por ter livre acesso nos dois países por conta da nacionalidade.Fernando Rodriguez da Silva foi executado na frente do filho nas proximidades da Casa Gondola, uma região paraguaia que faz fronteira com o Brasil. Os tiros atingiram a cabeça da vítima que pilotava uma motocicleta na ocasião. A investigação será feita naquele país.Operação paraguaiaA safra da maconha começa em março e vai até julho, e bem nesta época que há reforços da polícia Paraguai. Nesta semana, as equipes de lá divulgaram que destruíram 780 toneladas deste tipo de entorpecente, o que deve ter gerado aos traficantes um prejuízo maior de US$ 23,421 milhões, conforme dados divulgados pela Senad sobre a Operação Amambay I.A ação conta com o apoio de helicópteros da Força Aérea e Armada Paraguaia, pois desta forma fica mais fácil localizar as plantações das drogas que são camufladas em meio as matadas da região de María Auxiliadora e Cerro 21. As equipes policiais de Amambay já contabilizaram a destruição de 248 hectares do cultivo.O número é considerado maior a cada ano e desta vez, haveria 95 pontos de distribuição. Nestes locais, houve a desativação de 84 acampamentos, onde foram apreendidos 5,277 quilos de maconha prensada, lista de pontos de distribuição, além de, 31,450 quilos de maconha picada e 570 quilos de sementes.No mesmo local onde foram identificadas as drogas também havia prensas, totalizando 20. Todos os tipos de equipamentos usados pelos criminosos também foram destruídos.