Publicado em 31/08/2015 às 03:00,

Casas redondas são arquitetura contra o fim do mundo no meio do Cerrado de MS

Redação, Campo Grande News
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(Foto: Divulgação)
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(Foto: Divulgação)
Fugindo dos padrões dos centros urbanos, a comunidade de Zigurats, a 120 km de Campo Grande, tem em suas construções uma marca: todas as casas são redondas.O lugar, que faz parte do projeto Portal, ficou famoso pelas supostas aparições de extraterrestres e a espera do fim do mundo. Mas além das histórias de apocalipse, que só poupará quem mora ali, as cercas de 100 casas no meio do Cerrado são outra atração para quem está acostumado com a cidade. A comunidade ainda é pequena e, apesar do número de imóveis, somente umas 15 pessoas moram lá de fato.O formato das construções é para resistir aos fenômenos naturais, como vendavais e abalos sísmicos, e para melhor circulação de energia. “Se você olhar para a história da humanidade, vai ver que antigamente não se construía assim, as casas eram em outros formatos, muitas vezes redondo”, pontua a aposentada Vera Pedrosa, que mora em Zigurats há pouco mais de um ano. Ela garante que a temperatura ambiente é muito mais agradável, inclusive.A casa dela tem 32 metros quadrados, divididos em um quarto, banheiro, sala e cozinha integradas. Na construção, foram gastos cerca de R$ 40 mil. “Ela não é muito espaçosa, tive que me desfazer de algumas coisas, mas afinal, não preciso de muito espaço mesmo, vivo sozinha”, brinca.O mestre de obras Telmo Flores se mudou para a comunidade com a esposa Lígia Rigo há seis meses. Morando temporariamente na casa de um amigo, ele já ajudou a construir dez casas em Zigurats e agora está finalizando a própria.“Foi muito difícil construir neste formato no começo, pois só tinha experiência de construção em casas quadradas, como na cidade. Não tinha nenhum manual ensinando e aqui não vive mais ninguém que trabalha com construção, então aprendi sozinho. Agora até já fiz um manual para ajudar nas novas construções”, afirma Telmo.Por ser redonda, a parede tem que ser levantada por camadas. Somente quando uma fileira de tijolos fecha uma volta completa é que a de cima pode começar a ser feita. Geralmente não são utilizados os tijolos de oito furos e sim retangulares. As janelas só podem ser feitas depois que a casa estiver de pé. “Não dá para construir deste modo com buracos no meio do serviço”, explica.As pessoas também podem achar difícil decorar um espaço redondo, já que a maioria dos móveis não é pensada para casas neste formato. “Eu fiquei muito apreensiva quando nos mudamos, pensando em como iria decorar, como iria dispor os móveis, mas isso são ideias pré-concebidas em nossa cabeça, no fim é praticamente a mesma coisa”, relata Lígia.O teto também chama atenção. Ele é feito em formato de arco e parece que foi encaixado em cima da casa. Mas Vera afirma que os pedreiros não reclamam de construir daquele jeito. “Eles fazem tudo muito rápido, o meu foi finalizado em dois dias. Ele é feito como as paredes, fileira por fileira”, detalha.Por cima do telhado, na maioria das casas há uma manta asfáltica prateada que serve para impermeabilizar a casa e também para refletir um pouco da radiação da luz do sol. O mais interessante é durante a noite, quando a luz da lua é refletida e de longe parece que a cidade está cheia de postes acesos.Vera ainda pretende aumentar a casa, agora está construindo uma varanda com terra e pretende fazer um anexo e transformá-lo em lavanderia. “Tenho essa preocupação com o meio ambiente e construir com terra sai mais barato também”, afirma. Para levantar uma parede é gasto em torno de R$ 1500.