Assim que a Prefeitura de Campo Grande anunciou o corte nas gratificações pelos plantões trabalhados, no início deste mês, até então pagas aos servidores da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) - médicos e enfermeiros, entre os quais -, dobrou o número de licenças médicas solicitadas pela categoria. A suspensão no adicional provocou greve dos cerca de 1,4 mil médicos da prefeitura, deflagrada semana passada. Um dos motivos que justificariam a insistência pela concessão médica, que só interessa ao licenciado: é que, com a falta justificada, o servidor afastado mantém em sua remuneração a soma do ganho mensal anterior, sem cortes. Ou seja, mesmo sem o extra da gratificação, com a licença médica, o funcionário municipal recebe mais, como se estivesse cumprindo os plantões. Com isto, enfermeiros da prefeitura, por exemplo, recebem no dia do pagamento valores que superam em até seis vezes a soma real de seus salários. Tais episódios foram revelados ao Correio do Estado por um servidor do setor de Recursos Humanos (RH) da prefeitura, que não autorizou a publicação do nome nesta reportagem. Contudo, os históricos narrados por ele foram confirmados pelo secretário municipal de Governo e Relações Institucionais da prefeitura, Rodrigo Pimentel.Além de recorrer ao licenciamento médico para garantir o adicional pago pelos plantões, servidores da Sesau estariam apelando às concessões médicas como pretexto para conquistar benefícios recusados. Entre as supostas farras dos licenciamentos, há casos surpreendentes.