A defesa de Ronan Edson Feitosa de Lima apresentou ao TJ (Tribunal de Justiça) documentos apontando serem falsos cheques supostamente dele, ou endossados por ele, que teriam sido usados para contrair empréstimos, com agiota, em favor do prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP). As folhas constam em inquérito do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) que resultou no processo contra o chefe do Executivo da Capital por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.“Desta feita, acredita-se que tais lâminas de cheques tenham sido apresentadas no sentido de aumentar a dívida do réu com este, afim de deliberadamente o prejudicar”, traz trecho de incidente de falsidade apresentado ao TJ pelo advogado de Ronan, Hugo Melo Farias, na segunda-feira (25). O ‘este’ citado seria Salem Pereira Vieira, apontado como agiota responsável pelos empréstimos.No incidente de falsidade, Ronan não reconhece a autenticidade de seis folhas de cheque, que totalizam R$ 79 mil. São quatro cheques em nome dele, sendo um de uma conta no HSBC e três do Bradesco, e outros dois de contas de terceiros no HSBC.Primeiro, Ronan alega que não possui conta no Bradesco, “nem tampouco relação comercial com esta instituição financeira”. Disse ter procurado o banco e recebido, de um funcionário, a informação de que a conta não existe, além de haver indícios de que as lâminas não foram impressas na máquina a qual consta no verso dos documentos.Ronan também garante não conhecer as pessoas que seriam donas de duas folhas de cheques, todas constando como de uma agência do HSBC em Curitiba (PR), supostamente endossadas por ele. Nelas, constam os nomes de duas mulheres.Além disso, a defesa de Ronan anexou ao incidente de falsidade resultado de laudo pericial contratado, feito pelo IPC (Instituto de Perícias Científicas), revelando inautenticidade das assinaturas. Ao todo, foram analisadas dez assinaturas – incluindo endossos – das quais oito foram consideradas inautênticas.O laudo pericial extrajudicial grafotécnico do IPC, segundo a documentação levada ao TJ, foi concluído no dia 25 de maio. Agora, Ronan quer que os cheques sejam submetidos a nova perícia, por ordem da Justiça.A defesa também pede que a Justiça investigue a conta no Bradesco atribuída a Ronan, além de intimar as mulheres supostamente titulares de dois cheques. Por fim, pede que o processo seja parado até que esta apuração seja concluída.Ronan chegou a ocupar cargo em comissão na Prefeitura de Campo Grande, em 2013, ainda na gestão de Alcides Bernal (PP). Ele é ex-pastor da mesma igreja do atual prefeito.Os documentos levados à Justiça agora revelam que Ronan admite ter adquirido uma dívida em torno de R$ 30 mil com Salem. As assinaturas em dois dos cheques periciados, ambos do HSBC e que somam R$ 19 mil, são autênticas, conforme identificou o IPC.