A demanda por grãos tem crescido e por conta dos ajustes do dólar, o estado de Mato Grosso do Sul alcançou a maior média histórica dos preços em reais. Segundo a Aprosoja/MS, os produtores já venderam boa parte da soja da safra 2015/16, a preços competitivos e provavelmente vai se repetir as boas médias realizadas na safra 2014/15.Dados divulgados pela Coopergrãos e Cocamar, que atuam no Vale do Ivinhema apontam que as colheitas de soja e milho na região ganharam em produtividade e rentabilidade neste ano. Segundo informações dos técnicos dessas empresas instaladas em Nova Andradina este saldo positivo se deve a três fatores principais: as boas condições climáticas, uso de novas tecnologias e a alta do dólar.De acordo com o gerente da Coopergrãos, José Antônio dos Santos Filho, algumas lavouras de soja tiveram problemas pontuais no início da colheita, porém a maioria produziu bem e conseguiu melhores resultados do que no ano passado. Entre os produtores atendidos pela cooperativa, em média, a produtividade foi 10% maior do que na safra anterior. A área de soja plantada gira em torno de 35 mil hectares, que resultaram em torno de 1milhão e novecentos mil toneladas.O gerente da Coopergrãos, que é responsável pela secagem, armazenagem e comercialização dos produtos dos produtores cooperados, garantiu também que houve um crescimento no número de produtores de soja e de milho na região, aumentando consequentemente a área plantada. “Para a Coopergraõs, isso traz estabilidade e segurança aos parceiros”, afirma.Outra área que também cresceu no Vale do Ivinhema foi a venda de insumos, fertilizantes, defensivos e implementos agrícolas. Além da Cocamar, que se instalou em fevereiro de 2014, Nova Andradina atraiu outras empresas do ramo como a Biorural e Alvorada.O agrônomo da Cocamar, unidade Nova Andradina, Carlos Eduardo Faganello Silva confirmou o aumento da produtividade tanto na soja quanto no milho na região. Para ele, as condições climáticas ajudaram, mas o uso de novas tecnologias foram decisivos para a melhoria desses números.De acordo com o agrônomo, a safra da soja 2014-2015 foi de 27 mil hectares, enquanto que do milho 2015/2015 foi de 16.600 hectares. Já a safra 2015/2016 de soja deve ficar em torno de 32 mil hectares, enquanto que o milho safrinha fica de 21 mil hectares, entre os seus clientes atendidos.“A região de Anaurilândia e Bataguassu sofre mais com falta de chuva e tem um solo um pouco mais fraco. Então, os produtores fogem um pouco do milho e plantam só soja mesmo. O milho fica mais concentrado em Batayporã e Taquarussu. Mesmo assim, a produtividade ainda foi melhor que no ano anterior”, analisa Carlos Eduardo.Uso de tecnologia e a alta do dólar Em março, quando tem início a colheita de soja o preço da saca girava em torno de R$ 53,00. Com a alta do dólar, hoje, a saca de soja é comercializada a R$ 67,00.“Quem conseguiu segurar e vender só agora, está tendo uma remuneração melhor, um ganho maior”, garante José Antônio.O agrônomo da Cocamar, Carlos Eduardo também ressalta a contribuição da taxa cambial. “O preço do dólar nos últimos meses favoreceu principalmente na soja, pois o volume de exportação é bem maior. O milho atende mais mercado interno, então, não teve tanta influência”, disse.O profissional do agronegócio, no entanto, destaca o poder da tecnologia para o produtor. “Além da venda de insumos, sementes, adubos, defensivos, a principal finalidade da Cocamar, a sua diferenciação no mercado, é trazer informação e tecnologia para o produtor. Estamos realizando treinamentos e levando informações relacionadas ao cultivo de grãos, inovações tecnológicas, mercado futuro que podem garantir aumento na produtividade e renda. O emprego dessas técnicas podem influenciar até mais que o clima e o pessoal está se mostrando aberto e disposto a investir em tecnologia”, revelou.Ele também ressalta a presença de novas empresas no Vale do Ivinhema, em especial, na cidade de Nova Andradina. “Aqui era uma região que estava um pouco desassistida. A Cocamar e outras empresas vieram em busca deste mercado. A concorrência é maior. Hoje, o produtor tem onde buscar preço e qualidade”, defendeu.Crise econômica não afeta o setor agrícolaA perspectiva de comercialização da soja e do milho é animadora para o próximo ano. Apesar da crise econômica que o país atravessa, o setor agrícola foi o menos atingido.O único PIB (Produto Interno Bruto) que fechou positivo neste semestre foi o da agropecuária.O gerente da Coopergrãos comenta que a maioria da produção de soja tem como destino a exportação e o dólar aumentou, por isso, o setor tem conseguido passar quase imune a crise. “Isso pelo menos até a próxima compra de novos insumos e defensivos agrícolas (adubos e fertilizantes, principalmente), já que os gastos também serão maiores, pois a matéria prima é importada”, informou.O agrônomo Carlos Eduardo também enfatiza o aumento no valor dos fertilizantes e a importância de agregar valor maior aos produtos. “Desde o início deste ano, houve aumento de mais de 5% nos fertilizantes. Se o dólar continuar em alta, o reajuste também tende a ser maior. Para os produtores que já compraram seus defensivos, adubos, que pagaram um preço menor, isso ainda vai gerar um saldo positivo. Se o dólar continuar aumentando, a tendência é que o preço da soja tenha acréscimo. Então, pagaram menos pelo defensivo e vão vender a soja mais cara. Isso vai agregar um valor maior no produto”, explica.O colaborar da Cocamar acredita que a melhor saída para o produtor é a busca pela melhoria da produtividade, pois isso deve resultar num aumento da rentabilidade e na diluição dos custos do produtor. Ele cita o exemplo de um produtor da região que busca melhor produtividade. “Há pouco tempo, ele colhia 100 sacos de soja. A meta era duplicar essa produção, com a mesma área plantada. Hoje, já colhe 180 sacos. Então, com tecnologia o produtor está aumentando a produtividade e diminuindo custos. Este é o caminho”, pondera.Novo recorde de produção e produtividade marca colheita do milho safrinha em MSHá cerca de 30 anos, os produtores passaram a cultivar uma segunda safra de milho, durante o inverno, e recebeu este nome pois se tratava de áreas de pequenas proporções. Com a adoção de tecnologias e devido ao clima propício, Mato Grosso do Sul atingiu na safra 2014/15 o recorde de produção, de 9 milhões de toneladas, e produtividade de 88 sacas por hectares, garantindo ao Estado uma Super Safra. Os dados foram apresentados no último levantamento do Siga/MS – Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio, ferramenta de monitoramento da Aprosoja/MS – Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS, na sexta-feira (4).Na primeira quinzena de março, início da semeadura do safrinha no Estado, a entidade estimava produzir 8,3 milhões de toneladas do grão, número que foi superado em 8,4%. Durante a colheita da cultura, técnicos da Aprosoja/MS percorreram mais de 1,5 mil hectares, área que corresponde a 92% do total destinado ao milho safrinha, que nesta safra cresceu 5% e marca 1,7 mil hectares. Cerca de 30% do grão foi plantado depois do dia 10 de março, ou seja, fora da janela ideal para que as lavouras não sintam os efeitos das geadas no Estado.Já para a produtividade, se comparada com o ciclo anterior, quando foram registradas 85 sacas por hectare, o crescimento foi de 3,5%. Entre os municípios com maior média ponderada, cálculo que considera o plantio feito fora e dentro do período de Zoneamento Agroclimático, em primeiro lugar aparece São Gabriel do Oeste (103,7 sacas por hectare), Costa Rica (100,6 sacas), Alcinópolis (100,5 sacas) e Amambai (95,1 sacas).