Na noite desta segunda-feira (15), centenas de membros da Igreja Católica e de outras igrejas cristãs, lotaram o plenário da Câmara Municipal de Nova Andradina para acompanhar a votação do Plano Municipal de Educação de Nova Andradina (PME-NA), instituído através do Projeto de Lei 04, de 01 de junho de 2015, em cumprimento do disposto no artigo 214 da Constituição Federal, em consonância com a Lei Federal 13.005/2014, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE) e a Lei Estadual 4.621/2014, que aprovou o Plano Estadual de Educação (PEE-MS).A presença dos membros das igrejas na Câmara Municipal se deu em virtude de uma das questões, inicialmente abordadas pelo Plano Municipal de Educação, se referir à distribuição de material a educadores, estudantes e pais sobre a chamada Ideologia de Gênero, princípio que afirma que ninguém nasce homem ou mulher, mas deve construir sua própria identidade, isto é, seu gênero, ao longo da vida. Para as igrejas, a Ideologia de Gênero fere os princípios cristãos, ao pregar a livre opção sexual, não levando em conta a natureza, de homem e mulher, criada por Deus.Conforme uma cartilha distribuída pelos manifestantes na Câmara Municipal, caso a questão da Ideologia de Gênero fosse mantida no Plano Municipal de Educação, aconteceria que, todas as crianças deveriam aprender que não são meninos ou meninas, mas que precisariam inventar um gênero para si mesmas. Para isso, receberiam materiais didáticos sobre o tema. Antes da realização da sessão, que teve início às 19h, membros da Igreja Católica e de outros segmentos cristãos se mobilizaram para acompanhar a votação como forma de pressionar os vereadores.Diante das circunstâncias, antes da reunião, o vereador Vicente Lichoti (PT), relator especial, propôs a aprovação do Plano Municipal de Educação, porém, sugerindo algumas emendas, entre elas, a alteração na estratégia 7.34, retirando, do item, a questão alusiva à Ideologia de Gênero. Segundo o documento, a estratégia 7.34, previa a distribuição de materiais didáticos sobre vários temas, como direitos humanos, promoção da saúde, alcoolismo, drogas em sua interface com as questões de gênero e sexualidade, questões étnico-raciais e geracionais.Com a emenda proposta pelo vereador, a estratégia 7.34 teve sua redação alterada, excluindo-se o termo “questões de gênero e sexualidade” e mantendo-se os demais itens. A retirada da Ideologia de Gênero do PME-NA foi comemorada pelos cristãos presentes na Casa de Leis. “Creio que os princípios básicos das famílias devem permanecer inalterados, independentemente da opção de gênero”, disse um fiel católico.Um dos mobilizadores responsáveis pela presença maciça da comunidade na Câmara Municipal, na noite desta segunda-feira (15), foi o padre Ângelo Gaio, do Santuário Imaculado de Maria. Através das redes sociais, o religioso conclamou os fiéis a lotarem o plenário da Casa de Leis para acompanhar de perto a votação. Nas palavras de Gaio, também postadas nas redes sociais, todos aqueles que defendem a família e a vida não poderiam aceitar que os vereadores aprovassem o Projeto de Lei sem uma séria reflexão sobre o tema. O plano e a polêmicaO Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado no ano passado (Lei 13.005, de 25 de junho de 2014), prevê metas da educação básica até a pós-graduação para serem atingidas nos próximos dez anos. A lei estipula que os estados e os municípios elaborem os próprios planos para que as metas sejam monitoradas e cumpridas localmente. Foi determinado o prazo de até 24 de junho de 2015 para que os planos sejam aprovados. O PNE previa, originalmente, acrescentar nas escolas o ensino da ideologia de gênero, porém foi sancionado sem tal ideologia.A ideologia de gênero afirma que o homem e a mulher não diferem pelo sexo, mas pelo gênero, e que este não possui base biológica, sendo apenas uma construção socialmente imposta ao ser humano, através da família, da educação e da sociedade. Afirma ainda que o gênero, em vez de ser imposto, deveria ser livremente escolhido e facilmente modificado pelo próprio ser humano. Ou seja, que ao contrário do que costumamos pensar, as pessoas não nascem homens ou mulheres, mas são elas próprias condicionadas a identificarem-se como homens, como mulheres, ou como um ou mais dos diversos gêneros que podem ser criados pelo indivíduo ou pela sociedade.O bispo católico Dom Orani Tempesta, cardeal do Rio de Janeiro, alerta para o fato das consequências da implantação da terminologia gênero: quem se julgar livre para defender os valores naturais e cristãos pode ser duramente perseguido, moral e fisicamente, como já se faz, ainda que um tanto veladamente, em não poucos países. Segundo o Observatório Interamericano de Biopolítica, recentemente vimos os pais alemães serem não somente perseguidos, mas presos porque em seu país a ideologia de gênero foi aprovada nas escolas.Portanto, começaram a tramitar em muitos municípios e estados os planos de educação que, entre as metas propostas, inserem a Ideologia de Gênero com firme propósito de estabelecer uma mudança na educação dos filhos. No último dia 02 de fevereiro, o Ministério de Educação (MEC) lançou nota reiterando a data limite de 24 de junho de 2015 para que estados e municípios elaborem metas e estratégias para a educação local para os próximos 10 anos na forma de planos de educação, motivo pelo qual, o Plano Municipal de Educação de Nova Andradina foi votado nesta segunda-feira (15). (Com Informações Site Nova News)