Como não poderia ser diferente da realidade do país, Nova Andradina continua registrando uma população carcerária acima da capacidade. Chega hoje a um total de 125 detentos que ocupam o único estabelecimento penal do município a cerca de dois anos gerenciado pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).Antes, à época da Cadeia Pública, o drama de superlotação chegava a ser ainda pior quando a capacidade era de apenas 24 presos nas seis celas do pavilhão principal. Ao assumir o local, hoje chamado EPMNA (Estabelecimento Penal Masculino de Nova Andradina), a Agepen conseguiu ampliar a capacidade. São ao todo hoje 9 celas. Em um primeiro momento, a ampliação dos leitos chegou a 32 até alcançar os 50 hoje existentes. “A Agepen tem efetivado ações para suprir o déficit, mas ainda não é suficiente – 75 presos precisam dormir no chão por não haver leitos suficientes”, explicou à reportagem do Nova News o diretor do presídio, Jorge Leandro dos Santos.Quem pôde ver o antes e se depara com a estrutura do estabelecimento agora, pode notar as melhores condições que Nova Andradina tem no que diz respeito à custódia de presos. A Agepen, ao assumir a então Cadeia Pública, efetivou importantes medidas estruturais no local, como sala de aula, consultório odontológico, sala para atendimento médico, entre outros benefícios como a construção de nova cozinha etc. “Tudo que estiver ao nosso alcance, estamos fazendo”, disse o diretor ao falar que está previsto para dezembro um curso de pintura para os detentos.Mesmo superlotado, o diretor expõe que motins não têm sido registrados. Os últimos casos referentes a fugas e tentativas de fuga, segundo ele, aconteceram há mais de seis meses. Como não poderia ser diferente, Santos diz que há uma preocupação sobre os conflitos da rivalidade entre as duas grandes facções que comandam o crime organizado no país: o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho.Estamos atentos à infiltração de membros destas facções no presídio. Caso constatado um maior grau de periculosidade de algum preso, em especial do Comando Vermelho como já averiguamos aqui no presídio, de imediato pedimos a transferência para a penitenciária de segurança máxima do Estado, afirmou.O problema de superlotação em Nova Andradina esbarra, de acordo com o diretor, no fato da maioria dos presos ser condenados por tráfico de drogas e não estarem sob a responsabilidade da Justiça Federal como deveriam estar, sem falar ainda que o Governo Federal sequer despende de recursos para a custódia destes presos que fica inteiramente a cargo do Governo do Estado.Outro dado apurado pelo Nova News é que o presídio de Nova Andradina tem abrigado presos de outras cidades vizinhas que encaminhados custodiados para o estabelecimento penal local.Chega a 125 detentos o número de presos que ocupam o estabelecimento penal A demanda de detentos da região que ajuda a superlotar o presídio não é o único problema. Presos de comarcas de até mesmo outros estados são o grande entrave carcerário em Nova Andradina. “Como todos sabem, Nova Andradina é um corredor que faz ligação com outras cidades de Mato Grosso do Sul e com os estados do Paraná e São Paulo. E o resultado é mais prisões que diariamente são efetivadas, principalmente na interceptação de drogas que abasteceriam esses estados”, pontua Santos.Mato Grosso do Sul tem o dobro da média nacional de presos Como acontece em Nova Andradina, o estado inteiro vive mesmo o dilema. Mato Grosso do Sul tem o dobro da média nacional do número de presos proporcionalmente ao número de habitantes. A nível de país, a cada 100 mil habitantes, 250 são presos. No MS, a cada 100 mil, o número é de 500.Os dados que o Nova News teve acesso apontam que o número de presos em MS chega a 15.347, ao passo que a capacidade é de 7.327 presos.Uma medida que está sendo discutida passou a ser preocupante. Há uma articulação para ser feito um acordo com a Sejusp (Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública) no sentido da Agepen assumir os presos de todas as delegacias do Estado. “Se isto de fato acontecer, o efetivo a ser empregado precisa ser discutido. Apenas cerca de 400 novos agentes deverão ser chamados no edital de concurso em que 1.100 foram aprovados. E nem se todos forem chamados para assumir, o efetivo não é suficiente”, explanou o diretor Jorge Leandro dos Santos ao destacar que o presídio de Nova Andradina trabalha com o número de agentes abaixo do ideal.(Nova News)
