O ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chamou o presidente Michel Temer (PMDB), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro Henrique Alves (PMDB-RN), além de outras figuras públicas, como testemunhas de defesa no processo que responde no âmbito da Operação Lava Jato em Curitiba.Preso, em 19 de outubro, Cunha é acusado de receber propina de contrato de exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro. Os advogados de Cunha negaram as acusações e criticam o Ministério Público Federal (MPF), dizendo que os procuradores não explicaram qual seria a participação do ex-deputado no esquema descoberto na Petrobras.A convocação das testemunhas faz parte da defesa prévia de Eduardo Cunha, protocolada no sistema da Justiça Federal na noite de terça-feira (01).A defesa pediu que a denúncia contra o ex-deputado seja rejeitada. Pediu também rejeição da acusação de corrupção passiva, a rejeição de parte da denúncia que acusa o ex-deputado de conduta criminosa em relação ao ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada (já condenado pela Lava Jato), a absolvição sumária do crime de evasão de divisas, a suspensão do processo até que sejam julgados embargos de declaração apresentados ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a nulidade das provas.Ainda segundo os advogados, a defesa não teve acesso a provas. A falta da disponibilização, nos presentes autos, da totalidade do material probatório leva ao cerceamento de defesa e à impossibilidade de início do processo.A convocação das testemunhas é válida caso estes outros pedidos da defesa não sejam aceitos.Veja a lista de testemunhasMichel Miguel Elias Temer Lulia: presidente da RepúblicaFelipe Bernardi Capistrano Diniz: economista filho de ex-deputado Fernando Diniz (morto em 2009)Henrique Eduardo Lyra Alves: ex-ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel TemerAntônio Eustáquio Andrade Ferreira: ex-deputado federalMauro Ribeiro Lopes: deputado federalLeonardo Lemos Barros Quintão: deputado federalJosé Saraiva Felipe: deputado federalJoão Lúcio Magalhães Bifano: ex-deputado federalNelson Tadeu Filipelli: ex-deputado federalBenício Schettini Frazão: Engenheiro ligado à PetrobrasPedro Augusto Cortes Xavier Bastos: ex-gerente da PetrobrasSócrates José Fernandes Marques da Silva: ex-engenheiro da PetrobrasDelcídio do Amaral Gómez: ex-senador cassadoMary Kiyonaga: ligada ao Banco Merrill LynchElisa Mailhos: ligada à empresa Posadas Y VecinoLuis Maria Pineyrua: ligados à empresa Posadas Y VecinoNestor Cuñat Cerveró: ex-diretor Petrobras e colaborar da Lava JatoJoão Paulo Cunha: ex-presidente da CâmaraHamylton Pinheiro Padilha Júnior: ex-diretor da Petrobras e colaborador da Lava JatoLuís Inácio Lula da Silva: ex-presidenteJosé Carlos da Costa Marques Bumlai: pecuarista e um dos réus da Lava JatoJosé Tadeu de Chiara: advogadoA prisãoNo despacho que determinou a prisão, juiz Sérgio Moro disse que o poder de Cunha para obstruir a Lava Jato não se esvaziou.De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), em liberdade, Cunha representa risco à instrução do processo e à ordem pública.Além disso, os procuradores argumentaram que há possibilidade concreta de fuga em virtude da disponibilidade de recursos ocultos no exterior e da dupla cidadania.Cunha tem passaporte italiano e teria, segundo o MPF, patrimônio oculto de cerca de US$ 13 milhões que podem estar em contas no exterior.Moro é responsável pelas ações da operação Lava Jato na 1ª instância. Após Cunha perder o foro privilegiado com a cassação do mandato, ocorrida em setembro, o juiz retomou no dia 13 de outubro o processo que corria no Supremo Tribunal Federal (STF).Esfera civilNa Justiça Federal do Paraná, Cunha responde também a uma ação civil de improbidade administrativa, movida no âmbito da Operação Lava Jato, que alega a formulação de um esquema entre os réus visando o recebimento de vantagem ilícita proveniente de contratos da Petrobras. A ação corre na 6ª Vara Cível.Além de Cunha, são requeridos na ação civil a mulher dele, Claudia Cruz, o ex-diretor da estatal Jorge Luiz Zelada, o operador João Henriques e o empresário Idalécio Oliveira. *Com G1