“É uma coisa inexplicável né, a gente não sabe nem o que pensar. Ele é um monstro, não sei como teve coragem de fazer isso com a minha irmã. Ela era avó e mãe dele, criou ele desde pequeno. Ele tem que apodrecer atrás das grades”. O desabafo é de Lourenço Francisco de Mattos, irmão de Madalena de Mattos, morta pelo neto neste fim de semana em Campo Grande.Tios, primos e até a mãe do autor do homicídio praticado contra a própria avó na madrugada de sexta-feira (13), no Jardim Itamaracá, na Capital, atenderam a equipe do Jornal O Estado logo após terem velado e enterrado o corpo de Madalena, na manhã desta segunda-feira (16). Eles falaram sobre o sentimento que fica após a tragédia.Indignados, os familiares da vítima alegam não imaginar o porquê o autor Weikman Aguinaldo de Mattos, tenha praticado tamanha crueldade. Os irmãos de Madalena, Loureço e Erotilde Mariano de Mattos, disseram que apesar do sobrinho não ser tão próximo à família, eles perceberam que o comportamento do rapaz mudou após Madalena ter comprado o carro e começado a vender roupas. “Ele se afastou ainda mais, não olhava no rosto da gente, eu cheguei até a falar para minha filha que ele ia matar ela para ficar com essas coisas – carro e loja”, completou Erotilde.Erotilde contou ainda que Weikman olhava para a avó com olhar de raiva e que ela tentou alertar a vítima, em vão. “Ela nunca ia acreditar nisso, tratava ele como um filho, mimava, levava as coisas na cama. Ela amava ele mais do que tudo, mais do que os próprios filhos. Ele não só matou ela, mas também a humilhou pelo jeito que foi”, lembrou.Os tios do autor comentaram ainda que, mesmo que de longe, a mãe de Weikman colaborou muito para que o rapaz fosse preso. Segundo os familiares, foi a mãe dele que conseguiu encontrá-lo pelo celular e mandou que ele voltasse para casa. Em seguida ela avisou os parentes de que o suspeito estaria voltando e que, para que ele não fugisse, era para todos agirem normalmente. “Ela falou para gente não espantar ele, porque ela já tinha certeza que ele estava envolvido no sumiço da mãe dela”. Disse Lourenço.Erotilde chegou a questionar o rapaz a respeito do sangue encontrado na casa, mas segundo ela, o autor se fez de surpreso e espantado quando indagado. O acusado chegou até a chorar quando lhe foi apresentado os fatos. “Ele é um dissimulado”, afirmou a tia.A sobrinha da vítima, Andréia dos Anjos de Mattos, foi a última a ver Madalena com vida, na noite de quinta-feira (12) e foi ainda a pessoa que registrou o boletim de ocorrência da vítima. “Quando ela não apareceu no final da sexta eu já estranhei. Depois que eu vi que o carro não estava na garagem tive certeza de que algo estava errado. Quando liguei para o Weikman e ele desligou o celular, a gente já desconfiou”, disse Andréia.Segundo vizinhos da vítima, Madalena sempre foi muito amigável e simpática com todos, mas muito caseira também. Só saía para vender suas roupas e cumprimentar os vizinhos. “Foi um choque para todo mundo, uma mulher que nunca fez nada a ninguém ser morta desse jeito, ainda mais pelo neto”, contou Geise Pereira, vizinha e manicure da vítima.A família de Madalena acredita ainda que Weikman não agiu sozinho no assassinato da avó e, espera que, como ele quem tenha ajudado no crime, também “apodreça na cadeia”.O CrimeWeikman Aguinaldo de Mattos, de 21 anos, foi preso na noite de sábado (14), suspeito pela morte da avó, uma mulher de 59 anos. Na delegacia, ele confessou o crime e alegou ter matado para ficar com o dinheiro dela e quitar uma dívida.De acordo com o delegado Giulliano Biacio, a sobrinha da vítima registrou um boletim de ocorrência na tarde de sábado relatando o desaparecimento da senhora. Segundo a testemunha, Madalena estava desaparecida desde a sexta-feira e não era comum que ela saísse de casa sem avisar, muito menos de carro, visto que seu veículo também estava desaparecido.Os dois moravam juntos em uma casa no bairro Jardim Itamaracá. Em diligência, a polícia foi até a casa da vítima e viu que não havia nenhum sinal de arrombamento, mas respingos de sangue no banheiro do imóvel além da bolsa e óculos da vítima, objetos de uso diário ainda no local. Por volta das 16h00min, o neto foi localizado e de início negou saber do paradeiro da avó.Na delegacia, o acusado confessou o crime e contou que por volta das 03h30min de quinta para sexta-feira, ele deu uma “gravata” em Madalena, que ficou desacordada. Weikman ainda bateu a cabeça da avó contra o chão matando a senhora. O crime teria sido motivo por uma dívida que o acusado não tinha como pagar. Segundo ele, estava devendo cerca de R$ 3.700,00 (três mil e setecentos reais) e venderia os objetos da casa da avó para quitar a dívida.Após bater a cabeça de Madalena, o autor deu banho na avó, enrolou em um cobertor e a colocou no porta-malas do carro da própria vítima. Weikman seguiu até a saída de São Paulo, no fundo do Itamaracá em uma estrada de chão. O delegado contou ainda que o autor levou uma faca com ele e desferiu golpes contra a vítima, para que segundo ele, tenta levar as investigações para um terceiro.O rapaz indicou onde jogou a arma do crime, no Córrego Vendas e que havia abandonado o carro da vítima no Jardim São Lourenço. “O que mais choca no caso é a frieza dele, o crime foi premeditado, ele até se diz arrependido, mas não é o que demonstra”, completou Giulliano.O crime foi registrado como latrocínio e ocultação de cadáver na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), da Vila Piratininga, onde foram tomadas as demais providências.