Morte de Léo Veras causou impacto entre os colegas da comunicação. O jornalista Léo Veras, executado com 12 tiros por pistoleiros encapuzados em Pedro Juan Caballero na noite de quarta-feira (12), conhecia as “entranhas” da fronteira. Habilidoso, ele tinha trânsito livre em praticamente todos os cantos, mas com certa prudência evitava, sempre que podia, ficar mais do que 15 minutos em um mesmo lugar.Alguns amigos mais próximos e que conviviam com mais frequência com jornalista afirmam que ele tinha consciência do perigo que corria, mas não demonstrava medo durante as coberturas que fazia. “Em certos momentos parecia que se preocupava mais com a gente do que com ele mesmo”, relata um antigo parceiro de profissão.Segundo outro amigo que não fazia parte da lida diária do jornalismo, mas que tinha conhecimento das trincheiras que ele lutava, Léo Veras muitas vezes preferia andar sozinho por conhecer os perigos existentes de um lado e do outro da fronteira. “Quando a gente saia junto ele sempre dizia, brincando, que eu estava mal acompanhado e correndo perigo”, conta o amigo enquanto aguardava a chegado do corpo do jornalista ao cemitério.O jornalismo policial na fronteira com certeza ficou mais pobre e mais silencioso com a morte de Léo Veras. Ao mesmo tempo que sabia com precisão onde era a fonte de uma determinada informação e por isso zelava por ela, ele também partilhava a pauta com os colegas. “Ele na verdade era a nossa fonte em determinados assuntos”, revelou uma correspondente do jornal ABC Color, de Assunção, que estava presente no funeral.Para a presidente do Sinjorgran (Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Grande Dourados), Karine Segatto, que acompanhou o velório e sepultamento, um assassinato tão violento e ainda dentro da casa da vítima, que é um local onde qualquer pessoa deveria se sentir mais segura, teve um impacto muito grande nos colegas da comunicação.“Mostrou que medidas individuais de proteção não tem eficácia na região, como essa estratégia de não ficar muito tempo em um mesmo local, por exemplo, ou de evitar eventos sociais, ou ainda se ele usasse colete à prova de balas ou se contratasse um segurança privado para acompanhá-lo, enfim, parece que nada impediria uma morte encomendada”, comentou a jornalista.Segundo ela, a fragilidade do exercício do jornalismo é muito grande. “As notícias afetam os interesses dos poderosos, sejam do poder oficial ou do poder paralelo, e na falta de um Estado que realmente garanta a segurança de seus cidadãos, os jornalistas são alvos fáceis. Cada colega se colocava no lugar do Léo Veras naquele caixão e isso pode trazer um prejuízo enorme à livre circulação de informações”, ponderou a presidente do Sinjorgran.