Na noite de quarta-feira (04), o juiz José de Andrade Neto decidiu pela prisão preventiva do policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, de 47 anos, que assumiu ter assassinado Adriano Correia do Nascimento. O crime aconteceu na madrugada do dia 31 de dezembro de 2016 e o policial chegou ser solto pelo mesmo juiz. A prisão de Ricardo foi cumprida na manhã desta quinta-feira (05), por volta das 6 horas. Ele já está detido em uma cela da Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros). Conforme o juiz, não se trata de voltar atrás no entendimento que fez com que ele decidisse a princípio pela liberdade do policial.Conforme o juiz José Andrade, ele decidiu pela prisão do policial a partir das novas provas e fatos apresentados pelo MPE (Ministério Público Estadual) que não estavam no auto de prisão em flagrante.“Isso demonstra a necessidade das demais instituições ligadas ao sistema de Justiça auxiliarem na eficiência das investigações e na busca pela verdade, ao invés de ficarem criando polêmicas, inventando ilegalidades absolutamente inexistentes ou emitindo nota de cunho puramente econômico em busca de reserva de mercado, como forma de atrapalhar quem está trabalhando honestamente e buscando a apuração dos fatos”, diz nota divulgada pela Amamsul (Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul).Por fim, segundo a associação, o único fundamento acolhido pelo juiz foi o de que o MPE apresentou provas de que o policial tentou modificar os cenários dos fatos ao dizer que usava farda completa, quando na verdade não usava, assim como ao constar no auto de prisão em flagrante que havia sido conduzido pelos policiais militares, quando na verdade compareceu espontaneamente acompanhado de um advogado e de um colega policial rodoviário federal.O casoNa manhã do último dia de 2016, o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, de 47 anos, afirmou ter desconfiado que Adriano, que conduzia uma Hilux, pudesse estar cometendo um crime depois que foi fechado por ele e por isso o abordou. Mesmo ouvindo a ordem de parada, o empresário teria tentado fugir e então, segundo o policial, foram feitos os disparos que mataram o motorista e feriram um adolescente que estava na caminhonete.Qualquer policial que presencie uma situação de risco nas ruas pode e deve realizar a abordagem do suspeito, mas isso se estiver caracterizado, em uma viatura oficial, deixando claro ao cidadão que se trata de uma abordagem policial.Conforme apurado pela reportagem, em casos assim, o recomendado pelo BPTran (Batalhão da Polícia Militar de Trânsito) é a ligação imediata para o Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança). O policial deve apenas fazer o acompanhamento do suspeito, informar a polícia de trânsito, que vai realizar a abordagem e verificar se o motorista de fato cometia infrações, ou estava embriagado.O que aconteceu de fato na Avenida Ernesto Geisel ainda é investigado pelas equipes da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande. Para as testemunhas, Adriano teria fechado o policial, que estava em uma Pajero. Os dois teriam iniciado uma briga, quase no cruzamento com a Avenida Afonso Pena, que se estendeu até as proximidades do Horto Florestal, na Ernesto Geisel.Na Hilux, estavam o empresário, Agnaldo Espinosa da Silva, de 48 anos, e um adolescente de 17 anos. “Vamos chamar a Polícia de Trânsito para resolver isso”, teria dito o ocupante da caminhonete, mas depois disso o motorista tentou ir embora e o policial atirou contra o veículo.Adriano foi atingido no pescoço e o adolescente nas pernas. Ferido, o empresário perdeu o controle da camionete e colidiu em um poste. Com o impacto, o poste chegou a cair em cima do veículo e o tio da vítima também sofreu um ferimento no braço. O policial Ricardo Hyun foi preso em flagrante e, depois, liberado pelo juiz, mas foi afastado do cargo na PRF e agora deve passar por exame psicológico.A equipe de reportagem conversou com a PRF para saber quais são as orientações em abordagens de trânsito fora das rodovias, mas foi informada que detalhes como estes só são repassados pela Academia Nacional da Polícia Rodoviária Federal, com a qual não conseguiu contato