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Mutilação entre meninas assusta cidade que enfrenta rumor de suicídio coletivo

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(Foto: Divulgação)
Além do suposto grupo composto por ao menos 20 estudantes que, por WhatsApp, estariam combinando data para morrer, outro episódio, também perturbador, tem alarmado as autoridades da cidade de São Gabriel do Oeste. Dados do Conselho Tutelar do município de 25 mil habitantes, indicam que, de março para cá, ao menos dez meninas, entre 12 e 16 anos, automutilaram-se. O número é mais que o dobro dos casos anotados pelo conselho no ano passado inteiro. De acordo com o órgão, em 2015, “uns três ou quatro estudantes” se autoagrediram cortando os braços.O fenômeno pôs em alerta educadores, Conselho Tutelar, Ministério Público Estadual, pais e até a polícia de São Gabriel, município cuja economia gira em torno das lavouras de soja.As estudantes, disse a conselheira Juliana Baraldi, para cortarem principalmente os braços, recorreram aos apontadores de lápis, lâminas de gilete e estiletes.Entre os dez casos descobertos neste ano, apenas um, segundo o conselho, atestou que a estudante se feriu na perna. O restante foi nos braços.Quinta-feira passada (23), um dia antes de eclodir na cidade o caso das mensagens do grupo que se autointitulou “suicidas anônimos”, duas estudantes se autoagrediram.“Elas (alunas que cortaram os braços) dizem que estão atravessando por problemas e ninguém pode ajudá-las. Isso pode ser um dos primeiros passos para se chegar ao suicídio”.A conselheira afirmou ainda que, quando conversam com as adolescentes, elas contam que enfrentam problemas, mas não revelam quais. “Elas contam que, ao se cortarem, aliviam a dor, apenas”, afirmou Juliana.Num dos últimos casos, o pai que acionou o Conselho Tutelar, disse que “não entendia o motivo da autoagressão” e que ele estava pensando em transferir a filha para outra escola.A medida seria um meio de afastar a aluna de colegas que, na interpretação do pai, estariam influenciando a autoagressão praticada pela filha. Para a conselheira Juliana Baraldi, a automutilação pode ter outros motivos, no caso, familiares. “Às vezes os problemas podem estar dentro de casa, bem familiar”, disse a conselheira.A reportagem conversou com Juliana, na sexta-feira passada, em frente ao prédio do Ministério Público Estadual, em São Gabriel do Oeste. Lá, o assunto tratado foi a questão dos suicídios. Participaram do diálogo, além de Juliana, os conselheiros Elisana Alves, Sandra Paiva, Samuel Aires e Aparecida Sertão.Nos últimos nove meses, seis pessoas se mataram no município, todas com menos de 20 anos. WHATSAPPNa sexta-feira passada (23), circulou pelo WhatsApp uma mensagem dizendo que um grupo de 20 adolescentes estaria motivado a se matar. Pelos diálogos, o ato seria um meio de “homenagear” uma garota de 16 anos que havia se matado, em agosto passado, dois dias depois de o namorado, de 19 anos, ter morrido em um acidente de motocicleta.Dois dias antes das mensagens, um menino de 15 anos, morador de São Gabriel do Oeste, matou-se enforcado, em Campo Grande. O adolescente tinha ido à casa da irmã.Ainda segundo as notas trocadas pelo WhatsApp, o menino de 15 anos seria integrante do grupo batizado de “suicidas anônimos”.À reportagem, o pai do garoto de 15 anos disse que o filho “nem sequer” conhecia a garota de 16 anos que também se matou enforcada. Ele rejeitou a ideia de que o menino tenha participado de algum movimento ligado ao episódio em questão.O pai disse que o rapaz, junto com a família, foi até o Paraguai, onde comprou celular e aparelho de som. “Dei a ele R$ 1,1 mil para comprar o telefone, meu filho era alegre, decidido e nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo”.O delegado Fábio da Silva Magalhães conseguiu, até sexta-feira passada, identificar seis garotas que seriam integrantes do grupo criado no WhatsApp. Ele tinha ouvido quatro adolescentes e todas elas negaram que participarvam de alguma conversa compartilhada que tratava de suicídio.Os aparelhos foram vistoriados pelo policial. O delegado não foi localizado na tarde desta segunda-feira (26). Ele estava em diligência, segundo os colegas de trabalho.