A Polícia Civil descarta a hipótese de homofobia no assassinato da cabeleireira Izabelly Migliorini Dy Castro, 19 anos, ocorrido no final da noite do último dia 23, em Dourados. O delegado adjunto da 2ª Delegacia de Polícia do município, Guilherme Rocha de Carvalho, afirma que, com base no relato de testemunhas, a principal linha de investigação é o suposto desacerto em um programa feito entre a travesti e o autor Joarez Rocha, 44, preso em flagrante.O homem chegou a ser interrogado ao lado da advogada, mas preservou o direito de manifestar-se apenas em juízo. Segundo o delegado responsável pelo caso, não há indícios fortes de que a motivação tenha sido homofobia. Muito pelo contrário, existem informações de que os dois chegaram a sair juntos para um encontro sexual.“As colegas da travestis que estavam no local do crime afirmaram em depoimento que Izabelly entrou no carro de Joarez e saiu para o programa. Mas os dois voltaram rapidamente, cerca de dez minutos depois. Isso leva a crer que possa ter havido algum desentendimento entre eles”, relata.Depois de deixar a vítima no ponto de prostituição localizado no cruzamento da Rua Aquidauana com a Avenida Joaquim Teixeira Alves, no Jardim Caramuru, Joarez foi embora. Em seguida, voltou sozinho de carro, chamou por Izabelly, e quando ela atravessa a rua ele efetuou um tiro de espingarda. A vítima foi alvejada no peito, chegou a ser socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas não resistiu.A Polícia Militar estava por perto e conseguiu deter o autor na Rua Cuiabá. O homem estava em visível estado de embriaguez. “Parece que minutos antes de sair a primeira vez com a travesti, o homem estava em um bar bebendo e por esta razão encontra-se visivelmente embriagado. O que aconteceu entre ambos ainda é mistério, já que a vítima morreu e ele ainda não se pronunciou oficialmente, mas os relatos das testemunhas têm sido importantes”, esclareceu Rocha.O veículo usado no crime, um Fiat Uno branco, bem como a espingarda com seis munições intactas, foram apreendidos. Em fevereiro, a vítima foi alvo de um atentado e acabou baleada na perna esquerda enquanto fazia ponto no mesmo local onde foi assassinada. Cerca de duas semanas antes do crime havia sido roubada. A polícia também descarta o envolvimento destes dois crimes com o homicídio. No carro foi encontrada substância parecida com sangue. A amostra foi colhida e encaminha para exames no Imol (Instituo Médico e Odontológico) de Campo Grande. O delegado ainda espera a conclusão de laudo pericial feito no local do disparo. Câmeras de segurança de comércios da região registraram a ação e também incorporam as provas.