Adolescente foi encontrado no quintal da casa da avó em Campo Grande O Campo Grande News até poderia começar esse texto com um lide clássico. A primeira parte de uma notícia, quase sempre, deve entregar ao leitor seis respostas básicas: o que, quem, quando, onde, como e por quê. O problema é que hoje, 11 de fevereiro, quando completa um mês da descoberta da morte do adolescente José Eduardo Alves Gonçalves Rosa, de 15 anos, nem a família tem a solução para o mistério.Não houve alternativa a não ser abrir a matéria com o chamado nariz-de-cera, outro jargão jornalístico que significa, conforme o Manual de Redação da Folha de S. Paulo, parágrafo introdutório que retarda a entrada no assunto específico do texto.A família de José Eduardo segue sem notícias sobre o que de fato aconteceu, como e porque o menino foi encontrado morto dentro de um freezer no quintal da casa da avó materna em Campo Grande.Agonia é a palavra usada pelo irmão da vítima, por ironia do destino, técnico em refrigeração, para definir o que os parentes estão vivendo. Um mês já e nada. A gente liga, pergunta, mas a resposta é sempre a mesma, que não podem passar informação para não atrapalhar as investigações, explica Leonardo Alves, de 26 anos.Para a reportagem, a resposta também não é diferente. A chance de a família ter alguma pista é resultado o laudo necroscópico. Única informação que tenho é que o laudo deve sair até o dia 20. Pedi pra minha irmã acompanhar. Saber a causa da morte já é alguma coisa, conta o irmão.Dias após a morte, a mãe de José chegou a afirmar que acreditava que o filho havia sido assassinado, isso porque segundo a advogada da família duas facas foram encontradas no local. As facas não são de uso eventual, destacou Marcelle Perez Lopes, contratada para representar a família.José Eduardo estava sendo procurado pela família desde início da manhã daquela segunda-feira, dia 11, quando faltou ao compromisso com o irmão, com quem trabalhava, fazendo bicos. O corpo do menino foi encontrado pelo primo Carlos Magno Gonçalves Rodrigues, 20 anos, horas depois. Achei estranho, senti falta dele desde cedo, liguei para todo mundo e ninguém sabia, contou o rapaz na data do ocorrido.Carlos chamou várias vezes pelo primo e sem resposta, resolveu pular o muro. No quintal, encontrou o freezer desligado e, em um buraco, escorria filete de sangue. Já estava cheiro ruim, aí abri o freezer e me deparei com ele lá, só de cueca, sentado, contou.Os últimos passos da vítima foram junto do irmão mais velho e o primo, Rafael Henrique Alves Machado, de 31 anos, que mora em Dourados. Os três dormiram na casa da avó de sexta para sábado, 9 de fevereiro.Quando amanheceu, os três foram para a casa do irmão. Já no domingo de manhã, José Eduardo e o primo que veio do interior deixaram o local. A princípio, os dois iriam para a casa da irmã da vítima, mas acabaram voltando para a casa da avó, que viajava, no fim de semana, ao lado dos pais do menino.Rafael foi embora, retornando para a cidade onde mora, segundo a advogada. É este momento que câmera de segurança instalada em residência próxima a casa da avó do adolescente registrou o familiar deixando a casa. O primo afirma que estava com o adolescente até a hora de ir embora.Desde então, investigações da Polícia Civil têm por objetivo descobrir o que aconteceu após o primo deixar o local.