Até o início da semana passada apenas 44,5% da área de soja do Estado foi colhida. O preço da soja esteve melhor no mesmo período do ano passado, mas quem já está comercializando o grão comemora alta de 12% no preço da saca de 60 quilos, nos últimos 37 dias. No fim de janeiro deste ano, a saca estava cotada em apenas R$ 49,56, em fevereiro passou para R$ 55 e nesta semana chega a R$ 56, segundo o departamento de economia da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).Além da alta demanda do mercado internacional, a cotação do dólar tem ajudado na recuperação dos preços da soja, de acordo com a assessora técnica da Famasul, Adriana Mascarenhas. A moeda americana veio subindo nas últimas semanas e ultrapassou os R$ 3, fechando em alta de 1,03 % ontem (5), cotado a R$ 3,012, na venda. Em quatro dias, a cotação teve crescimento de 5,44 %.A desvalorização do Real é vantagem para os produtores. “O câmbio nos favorece, porque quando a moeda desvaloriza, a gente ganha competitividade no mercado internacional”, explica Adriana. Outro aliado na recuperação gradativa do setor é a demanta do mercado internacional, que continua aquecida. A principal compradora que, sozinha, pode impactar fortemente as exportações do Estado é a China.Nos últimos meses, Romenia a Espanha também têm exportado grandes quantidades de farelo de soja dos produtores sul-mato-grosssenses. “A China é um país do qual temos até certa dependência no mercado. Com essa demanda e a melhor competitividade, provocada pela alta do dólar, o cenário é de prognóstico de alta dos preços da soja”, prevê a especialista.Resta agora, observar o comportamento das safras argentina e norte-americana, que são importantes concorrentes do Brasil. A queda no preço da saca da safra passada para a atual é, justamente, por conta da produção dos EUA (Estados Unidos), que registrou super-safra e roubou compradores. “Qualquer avaliação é prematura porque os EUA podem sofrem ainda influência climática, pois passam por inverno rigoroso. Então, não sabemos como será a safra deles”, explica Adriana.“A reivindicação dos transportadores é uma luz amarela, mas os produtores não estão contra os caminhoneiros. Eles entendem que a situação e delicada, principalmente pelos altos custos do combustível”, comenta a economista Adriana Mascarenhas. Escoamento – Até o início da semana passada apenas 44,5% da área de soja do Estado foi colhida, conforme o Siga (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio). Isso representa atraso de 25,5% em relação à mesma época do ano passado, motivado pelas fortes chuvas que interromperam o plantio, no fim do ano passado.A paralisação dos caminhoneiros atrapalhou um pouco o escoamento da safra, mas não o suficiente para dar prejuízos aos agricultores, segundo Adriana. O protesto pela redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) sobre o óleo diesel de 17 % para 12 % e melhores condições de trabalho se estendeu por 11 dias nas rodovias de Mato Grosso do Sul. O Governo do Estado se comprometeu a estudar o reajuste do imposto, mas os transportadores querem ainda o aumento do preço do frete com estabelecimento de uma tabela com, no mínimo, R$ 0,85 por eixo, para o quilômetro rodado.Essa reivindicação já traz preocupação aos produtores, pois um preço mínimo além do praticado aumentaria os custos de escoamento. “A reivindicação dos transportadores é uma luz amarela, mas os produtores não estão contra os caminhoneiros. Eles entendem que a situação e delicada, principalmente pelos altos custos do combustível”, comenta a economista.Se a negociação acerca do preço do frete é luz amarela, o dólar é luz verde agora, mas pode se tornar vermelha nos preparativos para a safra seguinte. Isso, porque os preços sobem com a alta da moeda americana e os insumos, que garantem a qualidade da lavoura, certamente, vão ficar mais caros.